A resenha das viagens traduz a deliberada política de fazer de Lula um protagonista no cenário internacional, com a estrita colaboração do chanceler Celso Amorim e do assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia. A reboque da popularidade interna, o presidente da República foi catapultado para todos os fóruns de discussão internacional com o intuito de transformá-lo no que o presidente dos EUA, Barack Obama, viria a sintetizar em uma palavra: "o cara."
Mais do que virar arroz de festa nos fóruns internacionais de discussão, as viagens de Lula ao exterior tiveram o firme propósito de reforçar a preferência pela política externa Sul-Sul - entre países emergentes -, sem abandonar o jogo diplomático com a União Europeia (UE) e os EUA. África. As viagens para o continente africano espelham isso: o presidente ficou 54 dias na África, tempo que só perde para os 150 dias "investidos" na América do Sul e os 137 da Europa.
Dentro do País, Lula passou 693 dias em viagem (24%). Internamente, cada viagem foi pensada para tirar dela o maior aproveitamento político possível.
Todas as viagens eram planejadas por uma equipe de um órgão do Planalto com nome acadêmico, a Secretaria Nacional de Estudos e Pesquisas Institucionais, subordinada ao ministro Luiz Dulci. O chamado Escalão Avançado (Escav) sempre fazia uma série de viagens para resolver todos os problemas dos municípios - inclusive políticos - em que o presidente, a bordo do Aerolula, iria chegar.