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Preocupação do Planalto passa a ser frentes abertas na Justiça Eleitoral

Luiz Fux propôs reunir análises da campanha de Dilma para apuração de magistrada que arquivou ação contra petista

Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla e
Atualização:

O governo aposta na solução apresentada pelo ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Luiz Fux para obter uma trégua na batalha vivida semanalmente pela presidente Dilma Rousseff na Justiça Eleitoral. A estratégia é reunir, em uma só, todas as quatro ações que atualmente tramitam na corte para investigar a campanha petista de 2014 e podem gerar a cassação do mandato de Dilma e de seu vice, Michel Temer.

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A proposta foi apresentada por Fux na última semana, durante a análise pelo plenário da corte eleitoral de um dos questionamentos apresentados pelo PSDB contra a campanha da petista. Fundamentado em argumento jurídico, o ministro sugere que todos os casos fiquem nas mãos da ministra Maria Thereza de Assis Moura, relatora de uma ação de impugnação de mandato proposta logo após a posse da presidente.

A ideia tem sido defendida por interlocutores do Planalto já que o ministro João Otávio de Noronha, que é corregedor-geral da Justiça Eleitoral e relata outras duas ações sobre o tema, tomou atitudes consideradas “severas” pelo governo na condução das investigações da campanha. Por exemplo, o ministro acatou o pedido do PSDB de colher os depoimentos de delatores da Operação Lava Jato. O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa já foram ouvidos e o TSE aguarda ainda autorização do Supremo Tribunal Federal para ouvir o dono da UTC, Ricardo Pessoa, que relatou aos investigadores ter repassado R$ 7,5 milhões a campanhas do PT.

Luiz Fux propôsreunir todas as ações para investigar campanha do PT à presidência em uma só. Foto: Andre Dusek/Estadão

Fux justifica a ideia com argumento de “racionalizar” o processo e evitar decisões conflitantes, semelhante à tese dos advogados de campanha da presidente. Para o coordenador jurídico da campanha petista, Flávio Caetano, a união das ações é necessária para garantir “segurança jurídica”. “Insatisfeitos com os resultados das urnas, os adversários propuseram ao menos quatro ações versando sobre os mesmos fatos e distribuídas para diferentes relatores”, critica o advogado, que afirma que cabe à corte eleitoral decidir o nome do ministro relator.

Na última discussão sobre o assunto, Noronha insinuou que a alteração serviria para direcionar a escolha do relator. Na prática, ele deixaria de conduzir duas investigações. Ainda que o TSE decida concentrar o caso na corregedoria-geral, as apurações sobre a campanha de Dilma ficariam a cargo da ministra Maria Thereza de Assis Moura, que já arquivou uma ação contra a presidente e que substituirá Noronha na função a partir de outubro. Não há prazo previsto para definir sobre uma eventual unificação das ações.

O debate sobre a conjunção dos casos foi levantado durante julgamento da reabertura de uma das ações, inicialmente arquivada por Maria Thereza. Com discussões acaloradas e três adiamentos por pedidos de vista, o TSE já tem maioria formada para abrir o processo de investigação. Interlocutores do governo consideram a abertura da quarta ação não é preocupante, vez que a campanha já está sob a mira do tribunal.

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