Temer tenta fazer pacto com Maia

Com menos apoio político, presidente depende mais de Rodrigo Maia para aprovar projetos polêmicos antes das eleições do ano que vem

Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa
Atualização:

BRASÍLIA - Um dia depois de conseguir salvar o seu mandato, o presidente Michel Temer deu sinais de que fará um pacto com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para emplacar uma agenda de reformas consideradas necessárias na retomada do crescimento econômico. Com menos apoio político, Temer sabe que, após o plenário da Câmara rejeitar a segunda denúncia criminal contra ele, depende agora de Maia para aprovar projetos polêmicos antes das eleições de 2018

+ Análise: O fim sem dignidade de um governo

Maia foi ao Palácio do Planalto nesta quinta-feira, 26, e participou de uma cerimônia ao lado de Temer, na qual a Caixa destinou R$ 652 milhões para obras no Rio. Antes, ele recebeu na residência oficial os ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento). 

++Governo pode liberar nova rodada de PIS/Pasep

Presidente Michel Temer conseguiu barrar segunda denúncia na Câmara Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

PUBLICIDADE

Temer pediu aos ministros para acertarem com o deputado um modelo que permita enxugar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre a Previdência. As mudanças devem se resumir à fixação de uma idade mínima para a aposentadoria (65 anos para homens e 62 para mulheres) e à quebra de privilégio de servidores.

Deputados da base aliada desaconselharam Temer a mexer com essa reforma agora, sob a alegação de que nenhuma “maldade” será aprovada em ano pré-eleitoral. A votação de quarta-feira, 25, mostrou que o governo não tem os 308 votos necessários na Câmara para aprovar uma PEC.

O presidente, porém, acha que é possível fazer mudanças, mesmo que menores. O Planalto também combinou com Maia uma ofensiva para aprovar a simplificação tributária. “Vamos ver o que conseguimos aprovar. Não será fácil nem simples”, disse ele.

Publicidade

Questionado pelo Estado sobre a possibilidade de ser “primeiro ministro” de um governo sem força, Maia abriu um sorriso. “Eu já sou articulador político, mas não dá para fazer um modelo híbrido num sistema presidencialista como o nosso”, afirmou. “O Brasil vive uma crise profunda e acredito que a Câmara terá um papel relevante para sairmos da crise.”

Maia não abre mão, porém, de investir em projetos sociais que dizem respeito à segurança pública e à geração de empregos. O deputado é candidato à reeleição pelo Rio.

“Rezo para Maia ser iluminado, porque só assim vamos aprovar a Previdência, a tributária e mexer com a segurança”, disse Beto Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo na Câmara. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.