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Análise e bastidores de política e economia

Temer confia em vitória e quer julgamento no TSE antes de novas delações

O melhor seria 'tirar da frente' o problema na corte eleitoral o quanto antes, dizem aliados do presidente

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Por Vera Magalhães
Atualização:

Se antes a ideia era protelar enquanto fosse possível o julgamento da ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, a definição da data para que o TSE decida sobre o pedido para daqui a três semanas mostra uma mudança de perspectiva e de estratégia.

A primeira passou a ser de um placar favorável à tese do presidente de que é preciso separar as condutas dele e da ex-companheira de chapa. Pelas contas do Planalto e de integrantes da corte, hoje haveria boa chance de um placar de 5 votos a 2 no tribunal a favor da punição apenas de Dilma, que teria a responsabilidade sobre a arrecadação e os pagamentos dos fornecedores da campanha de 2014.

Novo ritmo.Aliados de Temer, agora, querem correr com ação no TSE Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

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Contribui para a tese da defesa, no entendimento de ministros e advogados, a diferenciação feita pelo próprio Ministério Público, que recomendou a perda dos direitos políticos de Dilma, mas não de Temer.

Se a perspectiva passou a ser favorável, principalmente devido à nova composição do TSE, com a nomeação de dois novos ministros pelo próprio Temer nos últimos meses, a estratégia também sofreu uma guinada em razão do que está por vir.

No Palácio é vista com extrema preocupação a provável delação de executivos do grupo JBS, Joesley Batista à frente. Ela pode suscitar novas acusações sobre o comando político do PMDB, Temer à frente, e sobre o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que foi executivo do banco Original, do grupo.

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Assim, o melhor seria “tirar da frente” o problema no TSE o quanto antes, dizem aliados de Temer. E, se possível, aprovar as reformas antes de mais esse turbilhão que pode atingir a equipe econômica.

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O advogado do presidente no TSE, Gustavo Guedes, pediu audiências com os sete ministros para entregar os memoriais finais. O foco será nos novos ministros, Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, que não receberam as peças anteriores.

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Temer se reuniu com assessores ontem para discutir a decisão do ministro Luiz Fux de levar ao plenário do Supremo a ação do PDT que contesta a imunidade constitucional temporária, prevista na Constituição e pela qual o presidente não pode ser processado por fatos anteriores ao mandato. Assessores do presidente disseram que haveria óbices à investigação, mesmo que não houvesse processo, pela proteção ao cargo. O entorno de Temer não demonstra muita preocupação com esse novo flanco.

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