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Por fim da meta de superávit, Dilma fala em melhorar diálogo com Congresso em 2015

Presidente recebeu apoio de seu principal desafeto na Câmara, Eduardo Dunha (PMDB-RJ), que concorre à presidência da Casa

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Por Redação
Atualização:

Brasília - Em reunião com líderes da base aliada, nesta segunda-feira, 1, à noite, a presidente Dilma Rousseff fez um apelo para a aprovação do projeto que elimina a meta de superávit fiscal e prometeu mais diálogo com os deputados e senadores, em 2015. No Palácio do Planalto, Dilma disse aos deputados e senadores que era muito importante a votação se encerrar nesta terça.

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O governo também acenou com a reedição do "toma-lá-dá-cá" para conquistar apoio, condicionando a liberação de emendas parlamentares à aprovação do projeto que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

O problema é que a própria base aliada admite não ser fácil aprovar nesta terça a proposta que abre brecha para a mudança da meta de superávit primário. Nos bastidores do governo, auxiliares de Dilma dizem que aliados podem usar a tradicional estratégia de criar dificuldades para vender facilidades, esticando a corda para conseguir cargos no governo, neste segundo mandato de Dilma.

Nesta segunda, entretanto, a presidente recebeu apoio de um dos seus maiores desafetos. Em campanha para tentar vencer a resistência do Planalto e comandar a Câmara no próximo biênio, o líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), propôs à presidente Dilma Rousseff a reedição de um pacto para que não sejam votados em 2015 pelo Legislativo projetos que causem aumento dos gastos públicos.

A ideia levantada pelo peemedebista em encontro com Dilma e com os demais líderes da base aliada, na noite desta segunda, é que seja elaborado um documento no qual deputados e senadores se comprometam a não apoiar proposições que componham a chamada "pauta bomba", a exemplo do que fez a base em 2013.

Segundo relatos de pessoas que participaram do encontro, Cunha justificou e medida pelo cenário delicado das contas públicas, no qual o governo enfrenta um déficit fiscal acumulado e luta para mudar o valor mínimo que o governo precisa economizar para pagar os juros da dívida pública, o chamado superávit primário. O texto será elaborado pela Secretaria de Relações Institucionais (SRI), chefiada pelo ministro Ricardo Berzoini (PT).

Com o gesto, Cunha, desafeto do PT e do governo, tenta diminuir a resistência a seu nome por parte de Dilma. No Palácio, e sobretudo entre os petistas, ele é tratado como um candidato à presidência da Câmara "de oposição" e que não é confiável. Ele passou a ser considerado um adversário desde que capitaneou uma rebelião no início deste ano, apelidada de "blocão", que impôs duras derrotas a Dilma.

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No encontro realizado no Palácio do Planalto, com mais de 20 líderes aliados e com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) e os ministros Ricardo Berzoini (SRI) e Aloizio Mercadante (Casa Civil), Dilma fez um apelo para que os parlamentares aprovem o projeto que flexibiliza a meta do superávit primário o mais rápido possível. Na semana passada, em uma primeira tentativa de votação, a base de apoio a Dilma resolveu mandar um recado da insatisfação com a reforma ministerial e "sumiu" do Plenário, adiando a apreciação do tema.

De acordo com Berzoini, os líderes aliados se comprometeram a votar as alterações nas regras fiscais nesta terça-feira. Segundo ele, o problema da semana passada foi apenas de "horário e coordenação". "Depois de dois dias de esforços, na quarta-feira, em função do horário, houve uma certa desarticulação que pode ser superada tranquilamente na votação de amanhã (terça-feira)", disse.

Questionado sobre o que mudou de lá para cá, para que os parlamentares mudassem de ideia e decidissem aprovar o projeto, ele respondeu: "os parlamentares entenderam que o significado da votação não é para o governo é para o País". Segundo o petista, Cunha "era um dos mais empenhados" na defesa da flexibilização da meta do resultado primário.

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O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), também garantiu que a base está comprometida com a votação da flexibilização do superávit. O Palácio do Planalto quer encerrar o assunto nesta terça-feira, apesar das tentativas de obstrução da oposição.

"Estou otimista. A presidenta fez mais um pedido à nossa base, de forma respeitosa, isso aqui não é vitória do governo contra a oposição", destacou Fontana. "Ela (Dilma) abordou o tema de forma muito feliz, criou ambiente de reconhecer esforço da base, para que entremos com toda a força para enfrentar a obstrução da oposição", disse. (Vera Rosa, Ricardo Della Coletta; Tânia Monteiro, Rafael Moraes Moura e Daniel Carvalho)

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