Ponte em AL é 'batizada' com nome de prefeito cassado

Por RICARDO RODRIGUES
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O coordenador-geral estadual do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (Comitê 9840), Antônio Fernando da Silva, entrou hoje com uma representação no Ministério Público Estadual (MPE), solicitando que impeça que a ponte do rio Santo Antônio, no município de Barra de Santo Antônio, em Alagoas, leve o nome do ex-prefeito Rogério Farias, irmão do empresário falecido e ex-tesoureiro Paulo César Farias, o PC. A ponte, que liga o continente à Ilha da Croa, será inaugurada amanhã. A solenidade de inauguração está sendo divulgada pelo deputado federal Augusto Farias (PTB-AL), que é irmão do homenageado. O evento deverá reunir autoridades e políticos do Estado.As obras da construção da Ponte Rogério Farias foram custeadas com recursos federais e custaram aos cofres públicos R$ 19,875 milhões. Para o coordenador do Comitê 9840, Antônio Fernando, mais conhecido por Fernando CPI, uma obra tão importante não pode receber o nome de um político que foi indiciado pela Polícia Federal por fraude eleitoral, quando disputou a prefeitura do município de Porto de Pedras, nas eleições de 2008."O Rogério Farias teve a candidatura cassada pela Justiça Eleitoral, depois que a PF flagrou vários eleitores de Maceió, contratados por ele, com títulos de pessoas falecidas e carteiras de identidade falsa para votar nele nas eleições em Porto de Pedras. Portanto, colocar o nome dele em uma obra pública, construída com recursos do povo é uma vergonha", argumentou Fernando.Segundo ele, na representação protocolada no MP consta também a denúncia de que Rogério Farias foi indiciado junto com o irmão (Augusto Farias) na CPI do Narcotráfico. "Não é possível que o Ministério Público vá permitir que um cidadão indiciado por vários ilícitos penais receba uma homenagem dessas", questionou.Em matéria divulgada na imprensa local, o deputado Augusto Farias confirma a homenagem ao irmão Rogério, que foi por dois mandatos seguidos prefeito da Barra de Santo Antônio. Depois desses dois mandatos, Rogério foi substituído pela esposa Rume Farias e mudou seu domicílio eleitoral para Porto de Pedras, onde se elegeu prefeito e buscava a reeleição, quando teve a candidatura cassada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Alagoas, acusado de fraude eleitoral. De acordo com o coordenador do Comitê 9840, "além da questão moral, há uma lei que proíbe a colocação de nomes de pessoas vivas em monumentos públicos".Em entrevista à imprensa, o deputado Augusto Farias evitou a polêmica em torno da homenagem ao irmão e se limitou a destacar a importância da obra. "Nós não podemos destacar nesta obra só o importante fato de ligar dois destinos, pois o que mais trará benefício para a população é o desenvolvimento da região que partirá através dela", ressaltou Farias, idealizador do projeto. O deputado destacou ainda o efeito imediato da valorização dos terrenos na região da obra e o sensível aumento no setor do turismo.

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