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Política terá para sempre sua 'Taça das Bolinhas'

O exaustivo processo no Congresso e a acachapante derrota de Dilma legitimam o afastamento, mas não deverão esgotar o debate

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Por Alberto Bombig
Atualização:

A mais longa crise política brasileira desde a redemocratização encerrou nesta quarta-feira, 31, seu mais exaustivo capítulo, o do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Dos dois lados da disputa, muitos feridos ficaram pelo caminho, abatidos por escândalos ou pela força da lei. Outros permanecerão sangrando em decorrência dos petardos verbais na guerra retórica sobre a legitimidade ou não do processo de afastamento.

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O resultado da votação final no Senado, porém, indica que a caravana do governo Michel Temer continuará a passar em meio à artilharia verbal e à guerrilha cultural - a classe artística é hoje a única oposição efetiva ao presidente. A cassação de Dilma foi aprovada por 61 votos dentre os 81 possíveis, vantagem expressiva porque eram necessários apenas 54 votos. A exemplo do que havia acontecido na Câmara dos Deputados, a derrota política de Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi acachapante.

O exaustivo processo no Congresso legitima o afastamento de Dilma do ponto de vista legal, é óbvio, ainda que não esgote o debate sobre a origem do impeachment numa Câmara dos Deputado sob o comando de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em dezembro de 2015. Nesse aspecto, é provável que nossa política contemporânea tenha conseguido a partir de agora a sua "Taça das Bolinhas", a sua "Copa União", para motivar eternas discussões apaixonadas em mesas de bar, pontos de ônibus e redes sociais. A Copa União foi um módulo do Campeonato Brasileiro de 1987, que terminou com dois campeões, o Flamengo e o Sport. Em março deste ano, o STF reconheceu o clube pernambucano como o legítimo e único dono do título, portanto, o campeão legal. Essa decisão tira do Flamengo o direito sobre o troféu Taça das Bolinhas, mas vá dizer isso para os flamenguistas...