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Plano da CPI deixa de lado fornecedores da Petrobrás

Seguindo à risca termos de acordo, comissão prioriza disputa política e preserva empresas

Por Débora Alvares , Ricardo Brito e BRASÍLIA
Atualização:

O plano de investigação elaborado pelo comando da CPI mista da Petrobrás que será colocado em votação hoje preserva os fornecedores da estatal e concentra as investigações em personagens ligados a negócios suspeitos da companhia.

Trata-se da primeiro resultado prático do acordo fechado entre os parlamentares, incluindo governistas e oposicionistas, de não mexer com os fornecedores da Petrobrás neste ano eleitoral - cerca de um terço das doações de empresas nas duas últimas campanhas saíram do bolso desses fornecedores.

O acordo para blindar os fornecedores foi revelado no domingo pelo

Estado

. Requerimentos para quebrar o sigilo de grandes doadores, por exemplo, serão ignorados pela comissão.

O cronograma de trabalho se baseia em depoimentos de personagens como o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef - ambos envolvidos em suspeitas de desvios em obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco - e do também ex-diretor da estatal Nestor Cerveró, centro da polêmica a respeito da compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.

A proposta do relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), é ouvir a presidente da Petrobrás, Graça Foster, e o antecessor, José Sergio Gabrielli, mais adiante. Ambos já depuseram na CPI do Senado e em comissões temáticas do Congresso. "Eles já foram ouvidos exaustivamente e, nesse momento, ouvi-los novamente seria mais do mesmo", disse Maia durante a reunião de ontem. O roteiro só não foi aprovado ontem porque houve um pedido de vistas coletiva para que os parlamentares avaliassem o teor do texto e retomassem as discussões hoje, com a aprovação do cronograma e dos primeiros requerimentos.

Limites.

O acordo entre a base e a oposição para blindar os fornecedores da Petrobrás não se estende ao aspecto político. Assim, enquanto os oposicionistas tentam desgastar o governo Dilma Rousseff apurando suspeitas na Abreu e Lima e na compra de Pasadena, os governistas buscam destacar denúncias de superfaturamento sob a gestão do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso - aliado do pré-candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves -, além de listar irregularidades no Porto de Suape, num ataque a Eduardo Campos (PSB), outro adversário de Dilma Rousseff na corrida presidencial.

Citações.

As citações a episódios que podem desgastar a oposição aparecem em três dos quatro eixos de investigação do roteiro. No primeiro deles, referente à compra da refinaria de Pasadena, o relator propõe investigar o fato de a Petrobrás, em 2001, ter promovido uma troca de ativos com a companhia íbero-argentina Repsol YPF para conseguir o controle da refinaria de Bahia Blanca, no país vizinho. A suspeita é que a operação tenha causado um prejuízo de US$ 2,5 bilhões à Petrobrás.

No eixo referente à segurança das plataformas, ganha destaque o episódio do afundamento da P-36 em 2001, no governo FHC.

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