BRASÍLIA - Apesar de reconhecer que a propaganda partidária do PSDB dá munição a outros partidos da base para pressionarem o presidente Michel Temer por uma mudança nos ministérios tucanos, interlocutores do presidente disseram nesta sexta-feira, 18, que o governo não vai retaliar os atuais ocupantes de cargos no primeiro escalão da Esplanada. Auxiliares do presidente disseram ainda que o "tiro no pé" que os tucanos deram ao levar a propaganda ao ar evidenciou ainda mais o racha no partido e que Temer não vai se meter em uma briga que não é sua. Segundo fontes do Planalto, os ministros tucanos Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Bruno Araújo (Cidades) foram rápidos ao se manifestarem contra o programa e dizer que a peça não os representa. Além da postura, auxiliares de Temer lembram que os três atuaram nos bastidores para ajudar a derrubar a denuncia contra o presidente.
De acordo com um interlocutor do presidente, há uma equação complexa neste momento e Temer não tomará nenhuma posição radical como demitir algum dos ministros. Segundo essa fonte, é preciso antes de mais nada entender a situação política e suas complexidades para desenhar uma estratégia que evite ao máximo um racha ainda maior na base aliada. O ministro da Secretaria de Governo, Moreira Franco, também participou do encontro.
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+ Cunha Lima diz que foi idea de FHC falar 'presidencialismo de cooptação' em vídeo da sigla No almoço, os tucanos mostraram ao presidente as reações de diversos outros parlamentares da legenda que foram contra a propaganda e destacaram que a postura do presidente interino no PSDB, Tasso Jereissatti, é a da minoria do partido. Ontem à noite, os três ministros tucanos fizeram uma reunião e decidiram soltar comunicados públicos criticando o programa elaborado pelo presidente interino da legenda, senador Tasso Jerreissati. Hoje, eles pediram um encontro com o presidente que acabou abrindo o gabinete e ofereceu um almoço a Imbassahy e Aloysio. O ministro das Cidades, que vai representar o governo em um evento do Minha Casa, Minha Vida amanhã em Macapá, já estava fora de Brasília e não pode participar. A quarta ministra que ocupa cargo no primeiro escalão, Luislinda Valois (Direitos Humanos), não se pronunciou, mas auxiliares do Planalto lembram que ela tem um perfil técnico e mais distante da política.
Telefonema. Para salientar que o perfil de Temer é ponderado e não radical, um auxiliar destacou que o presidente conversou com Tasso por telefone. O senador ligou para Temer para explicar a peça e, segundo essa fonte, Temer ouviu as explicações e não fez nenhum tipo de cobrança. Fontes no Planalto lembram ainda que o presidente tem por postura atender até os que votam contra ele e que esse dialogo constante é praxe da política.
'Ridículo'. Apesar de tentar minimizar o desgaste causado pelo programa, a peça tucana causou irritação no Palácio do Planalto e também no PMDB, partido de Temer. A propaganda do PSDB foi considerada "ridícula" por dois dirigentes do partido que são próximos ao presidente.
Segundo um interlocutor de Temer, ao reconhecer erros os tucanos, além de darem munição a seus adversários na eleição do ano que vem, escancaram a crise vivida dentro partido. De acordo com essa fonte, o PSDB poderia aproveitar o momento "e parar de errar".