Brasília - Em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal, delegada da Polícia Federal apontou "elementos iniciais suficientes" para indicar a existência de doações eleitorais como forma de corrupção nas investigações a respeito dos senadores Humberto Costa (PT-PE) , Valdir Raupp (PMDB-RO) e Lindbergh Farias (PT-RJ). A observação consta nos pedidos de prorrogação de prazo dos inquéritos de políticos supostamente envolvidos no esquema deflagrado na Operação Lava Jato.
"Existem elementos iniciais suficientes que indicam a tipicidade da doação eleitoral como forma de corrupção, em tese (...) sem prejuízo de outras normas penais incriminadoras que porventura venham a ser delineadas no curso da investigação", escreveu a delegada da PF Graziela Machado da Costa e Silva ao Supremo nos três inquéritos. A investigadora escreve ainda que especialmente empresas contratadas pela Petrobrás realizam doações eleitorais de altos valores, conforme levantamento feito pela polícia.
"Informação policial compilou alguns dados de doações eleitorais que denotam a relevância e protuberância dos valores despendidos por empresas privadas, especialmente as contratadas pela Petrobrás".
No caso de Raupp, delegados e procuradores apuram se o senador recebeu R$ 500 mil através de doação oficial de empresas beneficiadas pelo esquema de corrupção e "cartelização" de contratos da Petrobrás.
Além de pesquisas de doações eleitorais ao peemedebista, investigadores já colheram depoimentos do parlamentar, do executivo Othon Zanoide de Moraes (Grupo Queiroz Galvão) e realizaram outras diligências no inquérito. Ainda resta, contudo, ouvir a assessora do senador e analisar parte do material produzido.
Já o inquérito que investiga Humberto Costa toma como base depoimento do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa que diz ter sido procurado por intermediário para operar por doação eleitoral de R$ 1 milhão à campanha do petista. Para solicitara prorrogação de prazo, a PF argumentou que, entre outras coisas, precisa checar a agenda de compromissos de Paulo Roberto Costa e ouvir o depoimento do senador. Também foi Paulo Roberto Costa que apontou repasse de dinheiro obtido pelo esquema à campanha de Lindbergh Farias.
A pedido da PF e também da Procuradoria-Geral da República, o ministro Teori Zavascki autorizou no final de junho o prosseguimento das investigações. Investigadores ganharam novo prazo até o final de agosto para reunirem indícios de participação dos políticos no esquema.