PF inclui nome do operador do PMDB na Petrobrás em lista de procurados

Na 7ª fase da Operação Lava Jato, Polícia Federal tenta prender Fernando Baiano apontado como elo do partido com esquema de corrupção envolvendo contratos da estatal; defesa diz que cliente está à disposição da Justiça

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Por Andreza Matais , Fabio Fabrini e Fausto Macedo
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Atualizado às 11h55

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BRASÍLIA - A Polícia Federal tenta nesta sexta-feira, 14, prender o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, na sétima fase da Operação Lava Jato. Ele é apontado como o operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobrás, que envolveria o pagamento de propinas na compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). O nome dele foi incluído na lista nacional de pessoas procuradas. Nesta manhã, os policiais fizeram buscas no endereço de Fernando Baiano no Rio de Janeiro, mas sem sucesso. Os agentes recolheram documentos e um computador.

O nome dele foi enviado para o Sistema Nacional de Procurados e Impedidos, que serve para consulta de autoridades policiais de todo o País e o impede de deixar o Brasil. A partir disso, também vai ser requisitada a inclusão na lista de procurados da Interpol. O mandado contra Fernando Baiano é de prisão temporária.

A pedido dos investigadores, a Justiça também determinou o bloqueio de três contas de bancárias de empresas ligadas a ele. A nova etapa da Lava Jato, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro, foi deflagrada nesta manhã. Ao todo, 85 mandados serão cumpridos e foi preso o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque. Onze mandados de busca são feitos em grandes empresas, apontadas como o braço financeiro do esquema de corrupção na estatal.

Fernando Baiano foi citado como agente do PMDB na estatal pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, preso desde março e que colabora com as investigações em troca de eventual redução de pena. Fernando Baiano teria sido um dos envolvidos nas negociações para a compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), que teria sido aprovada mediante o pagamento de propinas.

Planilhas apreendidas pelos policiais na empresa Costa Global, aberta por Paulo Roberto em 2012, relacionam supostos pagamentos para o operador do PMDB, no total de R$ 2,1 milhões. No Brasil, ele representa oficialmente um grupo espanhol que atua nas áreas de infra-estrutura e de energia.

A participação de Fernando Baiano, segundo apurou a PF, ocorreu na fase final da compra de Pasadena, em 2012, quando a Petrobrás pagou US$ 820 milhões para ficar com os 50% restantes da planta de refino - a primeira metade havia sido adquirida em 2006. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), o negócio deu prejuízo de US$ 792 milhões.

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Defesa. Fernando Baiano se identifica como representante de duas grandes empresas espanholas no Brasil. O criminalista Mário de Oliveira Filho, que defende Fernando Baiano, declarou que ele está à disposição da Justiça Federal e classificou como "absurda" a ordem de prisão contra ele.

Segundo Oliveira Filho, seu cliente está com depoimento marcado para a próxima terça feira, 18, em Curitiba (PR). "O sr. Fernando vai comparecer a todas as convocações, tanto da Polícia Federal, como do Ministério Público Federal e da Justiça Federal", declarou o criminalista.

Não está descartada a possibilidade de Fernando Baiano fazer delação premiada. Seu advogado afirma que, por enquanto, isso não vai ocorrer.

Oliveira Filho divulgou cópia de petição encaminhada à Justiça Federal no Paraná, em que "mais uma vez, espontaneamente, adianta-se e coloca-se à disposição da Polícia Federal e da Justiça Pública, em reiteração à petição despachada em 10 de abril de 2014, sobre o mesmo tema, para a qualquer tempo prestar esclarecimentos sobre os fatos em apuração e que estão sendo a ele vinculado".

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