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PF fará perícia nos documentos apresentados por Renan

Para especialistas ouvidos pelo <b>Estado</b>, análise pouco deve acrescentar

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Por Redação
Atualização:

O presidente do Conselho de Ética, Sibá Machado (PT-AC), informou no final da tarde desta sexta-feira, 15, que a perícia dos documentos apresentados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ficará à cargo da Polícia Federal. A expectativa é de que até terça-feira, quando o Conselho tem nova reunião, o laudo pericial possa ser apresentado. Neste caso, PF teria apenas dois dias para realizar a análise. A documentação de Renan sobre a venda de gados de sua fazenda visa a rebater a denúncia do Jornal Nacional da última quinta-feira. Segundo a reportagem, o negócio teria sido feito com empresas já fechadas e as notas apresentadas seriam ´frias´. Segundo o senador, a venda de gado teria resultado em um ganho de R$ 1,9 milhão nos últimos quatro anos e foi a justificativa usada por ele para provar que pagou com recursos próprios a pensão da filha de três anos com a jornalista Mônica Veloso. O presidente do Conselho de Ética contou que conversou com o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, sobre a perícia e que Lacerda ficou de disponibilizar um técnico da corporação para conduzir a verificação dos documentos. Segundo especialistas ouvidos pelo Estado, a análise da documentação a ser feita pela PF pouco deve acrescentar. A apreciação da PF, dizem, vai se limitar a checar a autenticidade dos papéis como notas fiscais de vendas de gado e depósitos bancários correspondentes aos valores da venda de animais, e nada deve acrescentar ao processo que investiga se houve ou não quebra de decoro parlamentar por parte de Renan. Segundo um dos especialistas, a análise é simples e não passa do que se chama de "verificação cruzada de informações". Tensão no Conselho de Ética O Conselho de Ética adiou para a próxima terça-feira a votação do relatório que pede o arquivamento do caso Renan. Durante a reunião desta sexta-feira, o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), relator da representação, não queria adiar a votação, mas cedeu após receber o telefonema de sua mulher. O recado: o próprio Renan pedira para que Cafeteira aceitasse o adiamento. A proposta de adiamento da votação partiu do PSDB e do DEM, com apoio de senadores do PT e PSB. Governistas aliados do presidente do Senado cederam às pressões da oposição e aceitaram adiar para terça a votação do parecer final sobre a acusação de que ele teria despesas pagas por um suposto lobista de uma construtora. PSDB, DEM, PSOL e PDT exigiram o adiamento da votação sob o argumento de que os documentos antigos e novos apresentados pelo senador deveriam ser periciados e as testemunhas, ouvidas. Os oposicionistas querem ouvir a ex-apresentadora de TV Mônica Veloso, com quem o senador tem uma filha, e Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior. Encaminhamentos Gontijo será ouvido a próxima segunda-feira, às 14h30, juntamente com Pedro Calmon Filho, advogado da jornalista. Mônica não consta da lista dos convocados mas, segundo informações da Agência Brasil, Renan teria sugerido ao Conselho de Ética ouvi-la. A decisão sobre novos depoimentos depende de acordo entre os integrantes da comissão, uma vez que a prorrogação será só para análise da documentação. A representação contra Renan no conselho busca esclarecer se ele teve contas pessoais pagas por Gontijo. Sibá anunciou também que será feita uma perícia técnica nos documentos entregues por Renan ao Conselho, mas ainda não informou qual órgão técnico será responsável pela análise. Esses documentos comprovariam a origem do dinheiro repassado a Mônica. Após esse trabalho, o Conselho voltará a se reunir para votar o parecer do relator. Segundo Sibá, a votação deverá acontecer na terça-feira, mas poderá ser adiada caso a perícia não fique pronta até lá. Pontos obscuros: 1.) Antes de reconhecer a paternidade da filha que tem com Mônica, Renan pagava à jornalista em transferências bancárias ou em dinheiro vivo, como ela alega? Qual a origem do dinheiro: do senador ou do lobista Cláudio Gontijo? 2.) Por que Renan, na defesa que fez no Congresso, só apresentou documentação que comprova os pagamentos de pensão feitos após o reconhecimento da paternidade da criança? 3.) Por que o senador chegou a dizer que não tinha como comprovar pagamentos feitos antes de reconhecer a paternidade, se no dia seguinte essas provas apareceram nas mãos de seu advogado? 4.) Por que os extratos que confirmariam que o pagamento era feito pelo senador, não pelo lobista da Mendes Júnior, não foram tornados públicos como os outros, mas entregues em sigilo ao corregedor do Senado? 5.) Se o presidente do Senado alega ter recursos provenientes da agropecuária que dariam conta dos pagamentos de pensão e aluguel à Mônica, por que o cuidado em não os tornar públicos? 6.) Por que Epitácio Cafeteira, relator da ação contra Renan por quebra de decoro no Conselho de Ética, quer engavetar a ação sem abrir investigação e sem ouvir Mônica, autora de denúncia? (Com Ana Paula Scinocca, Rosa Costa e Cida Fontes, do Estadão)

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