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PF admite erro ao relacionar Cosenza a pagamento de propina

Cobrado por juiz da Lava Jato, delegado diz em nota que Cosenza não consta, até agora, na lista de beneficiários de desvios da estatal; em perguntas feitas a empreiteiros presos, policiais diziam que ele era acusado por delatores de integrar esquema

Por Fabio Brandt
Atualização:

Atualizado às 22h47

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Brasília - A Polícia Federal informou nesta quarta-feira, 19, ter cometido um "erro" ao mencionar o nome do atual diretor de Abastecimento da Petrobrás, José Carlos Cosenza, entre os agentes públicos beneficiados pelo esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. As menções a Cosenza ocorreram durante questionamentos feitos desde sábado com empreiteiros presos. Nas perguntas, os policiais diziam que o atual diretor tinha sido acusado pelos delatores Paulo Roberto Costa, seu antecessor na diretoria de Abastecimento da estatal, e o doleiro Alberto Youssef.

"Em relação ao quesito que figurou em alguns interrogatórios, por erro material, constou o nome de Cosenza em relação a eventuais beneficiários de vantagens ilícitas no âmbito da Petrobrás", afirmou ontem o delegado da PF responsável pela Lava Jato, Márcio Adriano Anselmo, em documento encaminhado ao juiz da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, Sérgio Fernando Moro, que havia intimado os policiais para que esclarecessem por que motivo haviam citado Cosenza durante os interrogatórios.

"Cumpre esclarecer que não há, até o momento, nos autos, qualquer elemento que evidencie a participação do atual diretor no esquema de distribuição de vantagens ilícitas no âmbito da Petrobrás", escreveu, na resposta, o delegado responsável.

José Carlos Cosenza assumiu a Diretoria de Abastecimento em 2012. Ele ficou no lugar de Paulo Roberto Costa, de quem era braço direito na estatal. Costa é um dos presos da Lava Jato que já firmaram acordo de cooperação com as autoridades, admitindo participação no esquema de desvio de recursos da Petrobrás.

Pergunta. Cosenza entrou para a lista de protagonistas do escândalo nesta semana após seu nome ser citado em questionamentos feitos por policiais em suas inquirições a pelo menos cinco pessoas presas por causa das investigações. "Paulo Roberto e Youssef mencionaram o pagamento de comissões pelas empreiteiras que mantinham contratos com a Petrobrás para si, para os diretores Duque, Cerveró e Cosenza, e para agentes políticos, confirma?", perguntou o delegado Agnaldo Mendonça aos executivos presos na sétima fase da Lava Jato, batizada de Juízo Final.

Ao ouvir a pergunta, o diretor executivo da empreiteira Queiroz Galvão, Othon Zanoide de Moraes Filho, deu a seguinte resposta: "Desconheço essa informação. Nunca tive conversa nenhuma com eles nesse sentido".

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Newton Prado Júnior e Carlos Eduardo Strauch Albero, diretores da Engevix, o engenheiro Ildefonso Colares Filho, ex-funcionário da Queiroz Galvão, e o funcionário da OAS Construtora José Ricardo Nogueira Breghirolli também foram questionados em seus depoimentos e afirmaram desconhecer o esquema de pagamento de propina ao atual diretor de Abastecimento. Eles negaram estar envolvidos em irregularidades relacionadas à petroleira.

Após as perguntas feitas aos presos ganharem grande repercussão na imprensa, o juiz Sérgio Moro cobrou explicações da PF. "Acerca de supostos pagamentos efetuados a outro dirigente da Petrobrás, José Carlos Cosenza, intime-se a autoridade policial para esclarecer se, de fato, há alguma prova concreta nesse sentido, uma vez que até o momento este Juízo não foi informado de nada a esse respeito."

Na resposta, além de admitir o erro, o delegado responsável pela Lava Jato afirmou que Cosenza foi citado "apenas em razão do mesmo ter sucedido a Paulo Roberto Costa, área em que foram identificados os pagamentos, bem como por ter sido seu gerente executivo".

Na segunda-feira, quando seu nome foi associado ao escândalo, Cosenza emitiu uma nota para dizer que negava "veementemente as imputações de que tenha recebido ‘comissões’ de empreiteiras contratadas pela Petrobrás". Ele afirmou também que "jamais teve contato com Alberto Youssef". Ontem, ele não concedeu entrevistas. A Petrobrás também não comentou o caso.

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