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Pepe Vargas anuncia ida à Secretaria de Direitos Humanos, mas depois recua

Ex-articulador político convocou coletiva para anunciar mudança de cargo, mas mudou o tom após receber ligação no meio da entrevista

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Por Bernardo Caram , Rafael Moraes Moura e Tania Monteiro
Atualização:

BRASÍLIA - O ex-articulador político do governo Pepe Vargas convocou nesta quarta-feira (8) uma coletiva de imprensa para anunciar que foi convidado pela presidente Dilma Rousseff para ser ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e aceitou a proposta. Em seguida, após ser interrompido por uma ligação, ele recuou das afirmações.

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"A presidenta Dilma me convidou para ir pra Secretaria de Direitos Humanos, coloquei à presidenta que eu poderia ajudar o seu governo na Câmara dos Deputados, presidente insistiu que eu permanecesse na sua equipe. Eu sou daqueles que acham que as pessoas são os seus valores e as suas circunstâncias. Dentro dos meus valores, eu acredito que não se deve dizer 'não' a um pedido da presidenta da República. Não tem nenhuma circunstância que me impede de ir pra SDH, então pelos meus valores e pela ausência de circunstâncias que dificultem minha ida pra SDH, eu vou acolher então o pedido da presidente", havia afirmado.

Pepe, no entanto, mudou o tom do discurso depois de receber uma ligação telefônica que interrompeu por três minutos a coletiva de imprensa. Apesar de ter afirmado, momentos antes, que Dilma insistiu para que ele aceitasse o pedido e confirmar que vai "acolher o pedido", Pepe passou a dar respostas evasivas e insistir apenas que tem condições de colaborar com o governo Dilma se ela decidir. Ele ressaltou que também não teria problemas em reassumir o mandato que tem de deputado federal. "A única coisa que tenho garantia é o meu mandato de deputado", disse.

O ex-ministro das Relações Institucionais, Pepe Vargas. Ele convocou coletiva para anunciar que haviasido chamado para assumir a Secretaria de Direitos Humanos, mas recuou depois de telefonema recebido durante a entrevista Foto: Dida Sampaio/Estadão

De volta à sala de entrevista, disse que Dilma não confirmou sua nomeação para a secretaria. "Não houve um comunicado oficial em relação a isso. O que eu digo pra presidenta é que se ela quiser me aproveitar na sua equipe, eu tranquilamente aceito o convite de continuar contribuindo com a sua equipe", afirmou.

Perguntado sobre quais seriam suas prioridades como chefe da Secretaria de Direitos Humanos, Pepe respondeu: "Não fui nomeado ministro da secretaria de Direitos Humanos, não há por que eu fazer esse tipo de comentário". Ele foi retirado da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República com a decisão de Dilma de que o vice-presidente Michel Temer passaria a acumular a função de articulação política. Questionado sobre a ligação telefônica o petista respondeu: "Era um telefonema que eu tinha de atender, que eu tinha solicitado".

Para Pepe, ao tirá-lo do comando da articulação política do governo, Dilma fez uma opção de substituir o PT pelo PMDB, partidos que da base do governo que têm protagonizado atritos. "Esse ruido desorganiza e destabiliza o conjunto da base", afirmou.

Refém. Sobre o aumento do poder do PMDB, que tem agora, além da articulação política, as presidências da Câmara e do Senado, Pepe disse que não se trata de o governo ser refém do PMDB. "É evidente que o governo tem no PMDB um dos principais partidos que compõem o governo. É um partido importante", afirmou.

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Durante a entrevista, Pepe Vargas confirmou que ficou sabendo de sua saída das Relações Institucionais pela imprensa. "Fiquei sabendo pela imprensa por conta de um vazamento. Tão logo saiu o vazamento, eu liguei pra presidenta, combinamos de falar no dia seguinte, ela me comunicou da sua decisão, de forma muito respeitosa, e portanto, foi dessa forma que aconteceu". Ele garantiu que não tem nenhuma mágoa com a situação.

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