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Partidos defendem Aldo Rebelo como vice de Maia em eventual saída de Temer

Ex-ministro é lembrado por ter bom trânsito com partidos da base e da oposição para negociar abrandamento das reformas

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Por Igor Gadelha
Atualização:

BRASÍLIA - Lideranças do PCdoB, PDT, PSB e Solidariedade começaram a articular nos bastidores a candidatura do ex-ministro Aldo Rebelo (PCdoB) a vice-presidente da República em eventual eleição indireta. A principal articulação é para viabilizar Rebelo como vice de uma possível candidatura ao Palácio do Planalto do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um dos nomes mais cotados para substituir o presidente Michel Temer, caso ele seja cassado ou renuncie.

Aldo Rebelo foi ministro daDefesa, da Ciência e Tecnologia, dos Esportes e da Coordenação Política e Relações Institucionais em gestões petistas, além de ter presidido a Câmara dos Deputados entre 2005 e 2007 Foto: Iara Morselli/Estadão

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A candidatura do ex-ministro já foi discutida em pelo menos dois jantares com a presença de parlamentares e dirigentes desses partidos no apartamento do líder do PDT na Câmara, deputado Weverton Rocha (MA). O primeiro encontro contou com a participação de Maia. O segundo aconteceu nessa terça-feira, 30, e teve presenças como a do próprio Aldo; do presidente do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva (SP); do presidente do PDT, Carlos Lupi; e do secretário-geral do PSB, Renato Casagrande.

Hoje, PDT, PCdoB e PSB, que fazem oposição ao governo Temer, preferem que o substituto de Temer seja escolhido por eleições diretas, enquanto o Solidariedade, que oficialmente é da base aliada, não se opõe à eleição indireta, como prevê a Constituição. Oposicionistas reconhecem, porém, que dificilmente conseguirão aprovar uma mudança constitucional para autorizar eleições diretas e, por isso, sustentam que é preciso se preparar para uma eleição do substituto de Temer pelo Congresso Nacional.

Agenda. A avaliação de lideranças do PDT, PCdoB, PSB e Solidariedade é de que a candidatura de Rebelo a vice-presidente dará a eles a oportunidade de influenciar de alguma forma a agenda de um futuro governo de transição até 2018, quando haverá novas eleições gerais para presidente.

O objetivo principal deles é tentar negociar um abrandamento das reformas enviadas pelo governo Temer, principalmente a da Previdência Social, a qual todas essas legendas já se posicionaram contra. Parlamentares e dirigentes dessas siglas acreditam, pelo perfil de Rebelo, uma aliança dele com Maia pode ajudar muito o presidente da Câmara. Além do apoio da esquerda, o ex-ministro tem bom trânsito com partidos de direita. Nos governos do PT, ele foi ministro da Defesa, da Ciência e Tecnologia, dos Esportes e da Coordenação Política e Relações Institucionais, além de ter presidido a Câmara dos Deputados entre 2005 e 2007.

Articuladores da candidatura de Rebelo acreditam que Maia é hoje o que tem mais chances de vencer eventual eleição indireta. Lembram que ele tem apoio de partidos médios e nanicos e terá a "caneta" para negociar apoios, pois assumirá o comando do País por 30 dias, caso Temer deixe o cargo. Além disso, citam o bom trânsito do deputado do DEM com a oposição, que o apoiou nas duas vezes em que se elegeu presidente da Casa. Nesses pleitos, o PC do B declarou apoio público ao parlamentar fluminense.

Jobim. Lideranças do PDT, PCdoB, PSB e Solidariedade não descartam, porém, um composição de Rebelo com o ex-ministro Nelson Jobim, outro nome cotado para substituir Temer. Ex-ministro da Defesa dos governos Lula e Dilma e da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso, ele tem boa relação com PT e PSDB, além do PMDB, partido ao qual é filiado. Nessas siglas, ele tem apoio de importantes caciques, como o senador José Serra (PSDB-SP) e o senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

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Procurado, Rebelo afirmou que não cogita hoje se candidatar a presidente ou vice-presidente da República. "Não é o que eu cogito para o momento", disse ao Broadcast. Interlocutores dele afirmam que, no jantar da terça-feira no apartamento do líder do PDT em Brasília, o ex-ministro do PCdoB fez discurso de que é preciso pacificar o País e que os futuros presidente e vice-presidente eleitos terão papel importante nesse processo.

O grupo de entusiastas da candidatura de Rebelo tenta atrair o PTB, que também faz parte da base. O líder do partido na Câmara, Jovair Arantes (GO), foi convidado para o jantar, mas não compareceu. O grupo também diz contar com apoio de parte do PT, apesar de o partido oficialmente defender o boicote a eventual eleição indireta para escolha do substituto de Temer, como a sigla fez no colégio eleitoral de 1985, quando Tancredo Neves foi eleito.