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PCdoB defende Orlando Silva, mas se arma para indicar outro ministro do Esporte

Sob forte pressão pela queda do titular da pasta, partido inicia ofensiva contra petistas e deverá escolher a deputada federal Luciana Santos (PE) para o cargo

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Foto do author Vera Rosa
Por João Bosco Rabello , Vera Rosa , Tania Monteiro e BRASÍLIA
Atualização:

Furioso com o PT, o comando do PC do B se movimentou ontem para não perder o Ministério do Esporte e partiu para a ofensiva: deixou claro que abrirá guerra contra o governador petista do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, caso seja abandonado à própria sorte. Antes da chegada da presidente Dilma Rousseff ao Brasil, porém, o governo agiu para apagar o incêndio e os comunistas receberam a garantia de que o Esporte continuará sob direção do PC do B, mesmo sem Orlando Silva.

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A saída de Orlando é considerada uma questão de tempo pelo Palácio do Planalto. Acusado pelo policial militar João Dias Ferreira de coordenar um esquema de desvio de verbas do programa Segundo Tempo, o ministro do Esporte enfrenta forte desgaste político e deve deixar o governo em breve. O PC do B, porém, exige que o PT dê a ele a oportunidade de se defender, já que não admite sair da Esplanada com a pecha de corrupto.

“Eu estou vivendo um verdadeiro linchamento moral e vou até o fim para lavar a minha honra”, disse Orlando, que se reuniu ontem por cinco horas com a cúpula do PC do B, em Brasília. Até agora, o nome mais cotado para substituí-lo é o da ex-prefeita de Olinda (PE) Luciana Santos, hoje deputada federal. Ela era o nome que Dilma gostaria de ter chamado quando montou a equipe, mas o PC do B cerrou fileiras em torno de Orlando.

Na reunião do comando comunista, dirigentes do partido não pouparam críticas ao PT, acusado de estar por trás do inferno astral de Orlando, de olho no milionário orçamento da Copa de 2014, e decidiram partir para o enfrentamento contra petistas e a imprensa. A portas fechadas e sob pressão, lembraram, ainda, que o suposto esquema de irregularidades nos convênios começou quando Agnelo – então filiado ao PC do B – era o ministro.

Revanche. As denúncias contra Agnelo, alvo de inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ), preocupam muito o Planalto. A irritação do PC do B é vista como rastilho de pólvora, com potencial para estragos ainda maiores. Foi por isso que ontem, antes de voltar de Angola, Dilma defendeu Orlando e o PC do B, definido por ela como um aliado histórico. “Não vamos fazer apedrejamento moral de ninguém”, afirmou a presidente. “Nós temos de apurar os fatos, temos de investigar. Se apurada a culpa das pessoas, puni-las. Agora, isso não significa demonizar quem quer que seja, muito menos partidos que lutaram no Brasil pela democracia.” Dilma qualificou como “tolice” os comentários de que o governo está em rota de colisão com o PC do B. “Dizer que o governo está fazendo julgamento de um partido é uma tolice. O meu governo respeita o PC do B e acha que ele tem quadros absolutamente importantes para o País. Não vamos entrar nesse processo, que é absolutamente irracional.” No Planalto, os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais) se reuniram à tarde com o presidente do PC do B, Renato Rabelo, e fizeram de tudo para pôr panos quentes na crise. “Ninguém vai tirar o Esporte do PC do B”, assegurou Carvalho.

“Estamos enfrentando um tribunal de exceção, que julga e condena sem provas”, reclamou o presidente do PC do B. Entre uma e outra reunião, uma comissão liderada pelo ex-deputado Aldo Arantes, secretário de Meio Ambiente do partido, foi procurar o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante.

Os comunistas mostraram a Ophir que foi o próprio Orlando quem pediu a investigação de fraudes no Esporte e disseram estranhar declarações dele, em defesa do afastamento do ministro. Mas o presidente da OAB não recuou: “Eu avalio que o ideal é a licença do Orlando, até para que ele possa formular sua defesa”. Arantes, porém, disse que a licença significaria atestado de culpa. “O PC do B não é um partido fisiológico”, insistiu ele, numa referência a outras siglas.

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