Para FHC, é preciso 'abrir o jogo' e 'mudar o rumo' da economia

Na chegada à solenidade de comemoração de 20 anos da implantação do Plano Real, ex-presidente critica política econômica do atual governo

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Por Redação
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Brasília - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta terça-feira, 25, que está na hora de o País passar por outra grande mudança, equivalente à que houve com a implantação do Plano Real. "Não vou me antecipar, mas o povo sente que está na hora de mudar o rumo", afirmou o tucano a caminho do plenário do Senado, onde ocorre solenidade em homenagem aos 20 anos do Plano Real.

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Ele atacou a política econômica do governo e disse que é preciso continuar a ver onde estão os problemas do País, mas isso, segundo ele, "não pode ser feito na calada da noite, tem que abrir o jogo". "A gente tem que dizer a verdade ao povo, com sinceridade, e não fazer o tempo todo propaganda. Não fiz propaganda do que ia fazer, mas mostrei ao País naquela ocasião quais eram as dificuldades e por que podíamos superá-las", referindo-se à implantação do Plano Real, época em que ocupava o cargo de ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco.

FHC disse que se preocupa com os rumos da economia, mas destacou que não pode cometer injustiças sobre o controle da inflação. "Não posso ser injusto e dizer que o governo não controla a inflação. Eu tinha 20%, 30% ao mês. Agora são 6% ao ano". Ele destacou como importante o cumprimento de metas da inflação e a manutenção da Lei de Responsabilidade Fiscal, e ressaltou que não há receita para uma boa condução econômica. "Política econômica é navegação. Não pode ter uma ideia fixa, mas alguns rumos precisam ser mantidos", afirmou FHC, que aproveitou ainda para criticar a condução dada pela presidente Dilma Rousseff ao assunto: "Neste momento o Brasil está um pouco em um compasso diferente do resto do mundo".

Ao comentar artigo do ex-presidente Lula publicado hoje no jornal Valor Econômico, Fernando Henrique concordou com o petista no que diz respeito à melhoria do Brasil, mas disse que "o presidente Lula sempre faz uma comparação como se a história começasse com ele". "Ele (Lula) disse que a inflação em 2002 era de 12% e agora é de 6%. Só que, em 2002, a inflação era dele. Nós derrubamos de quando era 40% ao mês".

Para o ex-presidente FHC, o Brasil tem condições de competitividade, mas está em desvantagem. "A tributação é muito elevada, as estradas ruins, os portos, ruins, encarece a produção. Isso tudo tem que ser enfrentado. Dá para enfrentar? Dá. Vamos enfrentar", finalizou.

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