A família do copiloto Geraldo Magela Barbosa da Cunha, uma das vítimas do acidente aéreo que matou em agosto passado o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, contestou nesta sexta-feira, 16 a conclusão da Aeronáutica sobre a tragédia ocorrida em Santos e acusou o órgão de criar um “bode expiatório”. Segundo adiantou o Estado ontem, as investigações da Aeronáutica concluíram que o acidente foi causado por falhas do piloto da aeronave, Marcos Martins.
O irmão mais velho do copiloto, Eduardo Cunha, que mora em Governador Valadares (MG), afirmou que a Aeronáutica estaria buscando “culpados” pelo acidente. “Responsabilizar os pilotos é um absurdo. Ninguém coloca um Cessna daquele modelo nas mãos de pilotos inexperientes. Todo mundo sabe que o Marcos Martins, inclusive, era conhecido por pousar aviões em condições difíceis”, disse.
Cunha ainda rechaçou qualquer possibilidade de desentendimentos entre Martins e o irmão, como sugere o relatório da Aeronáutica. “Chegaram a dizer que os dois vinham se desentendendo. Isso é outro absurdo. Nunca vimos ele reclamar do Marcos. Pelo contrário. Dizia que ele era um grande piloto, que dominava o que fazia”, afirmou. Para o irmão do copiloto, apenas a fabricante da aeronave e a do motor poderão dar dados mais concretos sobre as causas do acidente. “Antes disso, é tudo especulação.”
‘Equívoco’. A Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil (Abrapac) considerou precipitadas as conclusões da Aeronáutica. Para a Abrapac, as informações e interpretações devem aguardar a publicação oficial do relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
“Consideramos um equívoco a divulgação de eventual culpa dos pilotos Geraldo da Cunha e Marcos Martins, sem que a investigação oficial tenha sido concluída”, diz nota assinada pela diretoria. / COLABOROU JOSÉ MARIA TOMAZELA
***