Cristiane Brasil diz que 'machismo' a impediu de assumir Ministério do Trabalho

Deputada federal, impedida de virar ministra do Trabalho após um imbróglio jurídico, apresentou projeto que pune violência política cometida contra mulheres

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Por Isadora Peron
Atualização:

A deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) afirmou ter sido alvo de "machismo" e de "uma verdadeira caçada" ao ser impedida de assumir o Ministério do Trabalho. Para ela, a reação após o seu nome ter sido indicado para o cargo aconteceu "basicamente por ser mulher". Em seu primeiro discurso desde que voltou à Câmara, no fim de fevereiro, a deputada apresentou um projeto para estabelecer como crime eleitoral a violência política cometida contra mulheres. Citando nomes como a senadora petista Gleisi Hoffmann (PR), disse que não era a primeira a sofrer agressões no ambiente político.++ Decreto anula nomeação de Cristiane Brasil como ministra do Trabalho "Fui vítima de uma verdadeira caçada, uma devassa, e aqui deixo uma indagação para vocês: se o indicado fosse um homem, teria sido alvo do mesmo tipo de caçada? Eu não vi outros personagens que assumiram ministérios, principalmente homens, terem sua vida devassada com a mesma virulência que eu tive. Por isso acredito que fui vítima de tamanha agressividade basicamente por ser mulher. E mais: por ser uma mulher tentando fazer um bom trabalho na atividade política", afirmou da tribuna, para um plenário vazio.

Michel Temer editou decreto que anula nomeação de Cristiane Brasil para o cargo no ministério. Foto: João Ricardo/PTB

O episódio que traz mais mágoa para Cristiane é a repercussão de um vídeo em que ela aparece em um barco, ao lado de quatro amigos sem camisa, criticando as ações que foram movidas contra ela na Justiça Trabalhista e que resultaram na suspensão de sua posse como ministra. "Ficaram falando que eram garotões, sarados. Todos tinham uma barriguinha, estávamos lá com as nossas famílias", disse ao Estado.++ PTB não chega a consenso e mantém interino no Trabalho até março A divulgação do vídeo, no fim de janeiro, causou desconforto até mesmo entre deputados do seu partido, o PTB. Algumas semanas depois, em 20 de fevereiro, o presidente da legenda e pai de Cristiane, Roberto Jefferson, anunciou que o partido havia desistido da indicação da deputada para o ministério. Cristiane foi impedida de tomar posse por um juiz da primeira instância, sob a alegação de que ela havia sido condenada em ações trabalhistas. O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas o partido desistiu da indicação antes de o caso ser discutido pelo plenário da Corte. Enquanto esperava por uma decisão da Justiça, outras denúncias apareceram contra a deputada. Em fevereiro, o Estado mostrou que Cristiane é alvo de inquérito por associação com o tráfico de drogas na campanha de 2010. Ela nega as acusações.

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