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Para conter crise, Temer recebe ministros tucanos e ex-presidente Sarney no Jaburu

Pressionados por parte dos deputados do partido da Câmara, o PSDB, de Imbassahy, Araújo e Nunes, ensaia desembarcar da base aliada do governo peemedebista

Por Renan Truffi
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer aproveitou o sábado, 27, para discutir a crise política com ministros do PSDB e com o ex-presidente da República, José Sarney, no Palácio do Jaburu, residência oficial. Temer também se encontrou, no fim do dia, com o ministro da secretaria-geral da Presidência da República, o peemedebista Moreira Franco. O primeiro encontro promovido pelo presidente foi um almoço com os ministros tucanos Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Bruno Araújo (Cidades) e Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e com o general Sérgio Etchegoyen, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Aloysio Nunes e o general chegaram ao Jaburu acompanhados de suas mulheres, que foram recebidas pela primeira-dama Marcela Temer.

Bruno Araújo e Antonio Imbassahy com Temer (de azul) Foto: NILTON FUKUDA/ESTAD?O

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Pressionados por parte dos deputados do partido da Câmara, o PSDB, de Imbassahy, Araújo e Nunes, ensaia desembarcar da base aliada do governo peemedebista. Enquanto os tucanos almoçavam com o presidente, outro cacique do partido, o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), em São Paulo, voltou a defender que o compromisso do PSDB não é com o governo, mas com o País. "Nosso compromisso é com o Brasil, com as reformas, que são necessárias para retomar a atividade econômica. E não mudou a nossa posição em relação ao governo Temer, pelo contrário, diante da instabilidade estamos e ficaremos ajudando e aguardando os desdobramentos", disse o governador. "Muitas coisas não dependem de nós". 

Sarney. No final da tarde, Temer ainda recebeu o ex-presidente José Sarney. O peemedebista chegou à residência oficial por volta das 16h30. A assessoria do Palácio do Planalto não informou o motivo do encontro. Enquanto Sarney e Temer ainda estavam reunidos, o ministro-chefe da secretaria-geral da Presidência da República, Moreira Franco, também apareceu no Jaburu. Após duas horas de conversa com Temer, por volta das 18h30, Sarney (PMDB) também deixou o local.Convalidação Fiscal. Na parte da manhã, Temer recebeu o deputado Júlio César (PSD-PI), que coordena a bancada do Nordeste na Câmara. “Foi para tratar da convalidação”, explicou o deputado. O Congresso deve votar na próxima terça-feira um projeto de lei complementar que legaliza (convalida) incentivos fiscais concedidos pelos governos estaduais em desacordo com a Constituição ao longo dos últimos 30 anos.Foi uma prática que beneficiou Estados menos desenvolvidos, que conseguiram atrair indústrias à custa de descontos no Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Os Estados prejudicados entraram com ações no Supremo Tribunal Federal (STF), que condenou a prática. Mas, como se trata de um mecanismo largamente utilizado durante décadas, foi buscada uma solução para não inviabilizar as empresas.

O parlamentar foi a Temer pedir apoio para que o texto mantenha a fórmula já aprovada no Senado Federal. Isso porque há, na Câmara, pressões para modificar a matéria de forma a restringir os efeitos da convalidação, o que seria negativo para os Estados do Nordeste.

“O presidente concorda em princípio”, disse o deputado. No entanto, Temer disse que conversaria com a área econômica. Julio César contou que o clima no Jaburu era de tranquilidade. “Eu não quis levantar o outro assunto”, disse ele, referindo-se à crise política.