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Para Ciro Gomes, eleições de 2018 serão 'as mais fraudadas da história'

Pré-candidato à presidência pelo PDT diz que mudança nas regras de financiamento de campanha facilitará por caixa 2 de igrejas e do narcotráfico

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Por Andrei Netto e correspondente em Paris
Atualização:

O pré-candidato à presidência pelo PDT, Ciro Gomes, afirmou neste sábado, 24, em Barcelona, na Espanha, que as eleições de 2018 no Brasil correm o risco de ser “uma das mais fraudadas da história”. Para o ex-ministro e ex-governador, a mudança nas regras de financiamento de campanha, que entre outras regras proíbe doações por empresas privadas, abre o caminho para que igrejas e o narcotráfico – que movimentam grandes quantidades de dinheiro vivo – patrocinem o caixa 2 de partidos e candidaturas.

O pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes Foto: Werther Santana/Estadão

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O assunto foi um dos debatidos em um painel do Fórum Brasil-Espanha, evento neste ano realizado em Barcelona. Dedicado ao debate político e econômico sobre as relações bilaterais, o seminário tem como público estudantes, empresários e acadêmicos e em 2018 se dedicou a projetar o Brasil pós-eleições.

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Entre os temas abordados no principal painel do dia, o caixa 2 e a relação entre os poderes público e privado tiveram destaque no discurso de Ciro. O pré-candidato do PDT disse que, em 38 anos de vida pública, pôde testemunhar a forma como políticos de esquerda e de direita se relacionaram com o financiamento oculto de campanha. "O mundo político relativiza os próprios valores. Se eu não ponho dinheiro oculto no bolso, eu sou honesto”, exemplificou.

Segundo Ciro, o Brasil agora vai experimentar o financiamento público de campanhas, mas não terá os mecanismos para combater o caixa 2. "Nós optamos agora pelo financiamento individual de campanhas. Ok, vamos experimentar. Mas eu desconfio que serão as eleições mais fraudadas da história do país”, afirmou. "Vai ser muito facilitado por quem circula com grandes quantidades de dinheiro em espécie. Por exemplo, igrejas e narcotráfico."

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Ainda sobre o cenário político, Ciro voltou a criticar o impeachment de Dilma Rousseff, a quem definiu como “pessoa honrada”, em contraponto ao governo de Temer, ao qual chamou de "quadrilha de marginais”. Para ele, o Brasil sofre com a falta de educação democrática do brasileiro. "Nós não temos uma cidadania treinada, e também não podemos ter. Nosso povo é vítima de uma história autoritária”, avaliou. "A juventude brasileira imagina, porque cresceu na redemocratização, que nós não temos uma vocação democrática. Nós não temos nenhuma vocação democrática. A vocação brasileira é autoritária, golpista."

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O ex-ministro também criticou a agenda de reformas empreendidas pelo governo de Michel Temer, em especial a da previdência – retirada da pauta do Congresso em fevereiro. Segundo ele, as medidas propostas não enfrentam os privilégios de 2% dos segurados – entre políticos, magistrados e nichos do funcionalismo público –, beneficiados por um terço de todo o orçamento previdenciário. Já a nova legislação trabalhista, conforme Ciro, não enfrenta o alto grau de informalidade da economia, o que prejudica a arrecadação e as contas públicas.

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