Para aliado de Dilma, anúncio de Jucá foi 'estabanado'

Para o deputado Silvio Costa (PT do B- PE), nem Jucá nem o presidente em exercício Michel Temer tiveram coragem de usar a palavra "demissão"

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Por Julia Lindner
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Romero Jucá anuncia afastamento do Ministério do Planejamento Foto: Dida Sampaio|Estadão

Brasília - Um dos principais aliados da presidente afastada, Dilma Rousseff, na Câmara dos Deputados, Silvio Costa (PT do B-PE), classificou como "estabanado" o anúncio de Romero Jucá de que iria se "licenciar" do cargo de ministro do Planejamento. Para Costa, nem Jucá nem o presidente em exercício Michel Temer tiveram coragem de usar a palavra "demissão" para comunicar o afastamento do senador do governo.

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"Jucá faltou com respeito ao regimento, à Constituição e à inteligência do povo brasileiro. O regimento não permite essa engenharia de um senador estar licenciado do cargo de ministro. Ou ele é ministro ou ele é senador", disse Costa. Há pouco, Jucá se corrigiu e disse que pedirá a exoneração do cargo para que Dyogo Oliveira assuma provisoriamente em seu lugar. Ele disse que ainda não comunicou Temer da sua decisão, mas que vai aguardar uma manifestação do Ministério Público ou do Supremo Tribunal Federal sobre o caso. "Ou ele é ministro, ou é senador. Não existe essa história de ministro licenciado virar senador. Isso é mais uma piada do governo Temer", completou Costa.

O ex-líder do governo Dilma Rousseff já considera que, com o vazamento, "não tem dúvidas" de que a presidente afastada irá reconquistar o Senado e voltar à presidência. "Se Michel Temer tivesse estatura para governar o País ele teria demitido Jucá", comentou. Costa acusou Jucá de ter chantageado o presidente em exercício pela manhã depois da publicação de trechos da conversa entre Jucá e Sérgio Machado. Ainda de acordo com Costa, a situação se tornou "insustentável" após a divulgação dos áudios.

Costa disse que, para aprovar a meta fiscal, Temer deve "passar o rolo compressor" no Congresso, mas que "a nova oposição fará a sua parte". "Como vamos votar o orçamento de um homem que claramente estava tramando pelo impeachment?", questionou. Costa disse que vai trabalhar para que a meta não seja aprovada nesta terça-feira, 24, como planeja o governo.

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