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'País não pode estar cego', diz juiz do DF que suspendeu nomeação de Lula

Começaram a circular nas redes sociais fotos de Itagiba Catta Pretta Neto em manifestações contra o governo nesta quarta-feira; 'uma coisa é minha atuação como cidadão e, como cidadão, tenho uma postura contra a corrupção', defendeu-se

Por Gustavo Aguiar
Atualização:

Brasília - O juiz Itagiba Catta Pretta Neto, que suspendeu nesta quinta-feira, 17, a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil, afirmou que “o país não pode estar cego ao que está acontecendo no País”. Ele disse que tomou uma decisão “técnica” baseado em indícios de que o decreto da presidente Dilma Rousseff tenha como objetivo intervir no Poder Judiciário.

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Após a decisão, começaram a circular nas redes sociais fotos do juiz Itagiba na manifestação de ontem em Brasília contra o governo. “Fora Dilma”, diz a legenda da imagem, publicada no perfil pessoal do juiz no Facebook. "Ajude a derrubar a Dilma e volte a viajar para Miami e Orlando. Se ela cair, o dólar cai junto", publicou Itagiba. Outras imagens mostram o juiz com adesivos da campanha presidencial do senador Aécio Neves (PSDB-MG).

“Uma coisa é minha atuação como cidadão e, como cidadão, tenho uma postura contra a corrupção. Outra coisa é meu trabalho como juiz, onde minhas decisões precisam ser técnicas. Não há nenhum constrangimento (em participar das manifestações)”, afirmou o juiz à reportagem. Poucos instantes depois da conversa, o perfil de Itagiba no Facebook foi excluído.

Segundo o juiz, a ação popular se baseia nos áudios divulgados de conversas de Lula com vários interlocutores, entre eles Dilma. “A argumentação é contundente sobre a intenção de deslocar o processo contra o ex-presidente para o STF. Além de tudo que tem sido divulgado sobre ele”, afirmou.

A decisão do juiz impede que Lula assuma o cargo no Executivo e ganhe o privilégio de foro. Ainda cabe recurso, mas, por enquanto, o despacho impede que investigações contra o ex-presidente na Lava Jato saiam das mãos do juiz Sérgio Moro e sejam conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).