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Paes deve se reeleger com votação recorde

Confirmadas as pesquisas, prefeito do Rio será o mais votado desde a redemocratização

Por Alfredo Junqueira
Atualização:

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), deve se reeleger neste domingo, 07, em primeiro turno com uma votação consagradora. De acordo com a pesquisa mais recente, ele poderá obter 67% dos votos válidos. Se confirmado, o resultado fará do jovem peemedebista de 42 anos o político mais bem votado na capital fluminense desde a redemocratização.

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Paes nunca acreditou que pudesse perder essa eleição. Ainda no início da campanha, brincava que se jogaria pela janela caso fosse derrotado. Ontem, ao encerrar a campanha em Madureira, zona norte, ao lado do governador Sérgio Cabral (PMDB), do vice Luiz Fernando Pezão, dos senadores Francisco Dornelles (PP) e Lindbergh Farias (PT) e do ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB), Paes foi diplomático e não quis cantar vitória em público "em respeito aos adversários, à população e ao eleitor".

As pesquisas sempre apontaram o favoritismo do prefeito. Seu índice mais baixo foi de 47% em agosto, enquanto os rivais somavam 24%. Principal adversário de Paes, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) conseguiu só nos últimos dias chegar aos 27%. "Foi uma campanha pedagógica do início ao fim", disse Freixo ontem, em ato no Maracanã.

A vitória de Paes confirmará a hegemonia do PMDB no Rio. Trata-se da quarta conquista consecutiva do partido em eleições majoritárias. Além das campanhas de Paes, a legenda ganhou duas vezes o governo com Cabral.

O pleito deste domingo também confirma a derrocada de três forças que dominaram a cena política no Rio nos anos de 1990 e na primeira metade da década de 2000. A chapa que uniu os filhos do ex-prefeito Cesar Maia (DEM) e do ex-governador Anthony Garotinho (PR) somou rejeições e deve ter desempenho pífio. Rodrigo e Clarissa não devem superar os 2%, segundo as pesquisas. Resultado similar ao de Otávio Leite, do PSDB - sigla que governou o Estado com Marcello Alencar entre 1995 e 1998.

Apesar do excelente desempenho nas pesquisas, Paes controlou o tempo todo o excesso de otimismo. Ele manteve a rotina de trabalho com reuniões a partir das 7h e compromissos de campanha até meia-noite. Dividia seu tempo entra o dia a dia da Prefeitura e a agenda de candidato.

Às vezes, até com eventos secretos, como uma festa em Jacarepaguá em companhia dos polêmicos irmãos Brazão - Domingos (deputado estadual) e Chiquinho (vereador) - ou uma caminhada acompanhado do candidato a vereador do PT Marcelo Sereno, que foi chefe de gabinete do ex-ministro José Dirceu.

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Cautela. Paes é supersticioso. Apesar de exibir autoconfiança até com bravatas suicidas, ele não permitiu, por exemplo, que fossem marcados compromissos nas próximas semanas em que fosse convidado na condição de reeleito. A cautela é justificada pelo trauma provocado pela vitória apertada obtida em 2008, quando Paes se elegeu batendo a onda verde de Fernando Gabeira (PV) por 55 mil votos (1,66%), numa disputa em que também era favorito.

Para evitar surpresas, Paes montou uma campanha com estrutura de TV de primeira linha e dividiu a cidade em setores nos quais contou com a ajuda dos principais aliados: Cabral cuidava da zona oeste; o presidente do PMDB, Jorge Picciani, da zona norte, e caciques petistas, como Lindbergh e o secretário estadual de Meio Ambiente, Carlos Minc, da zona sul.

Os programas eleitorais na TV, coordenados pelo antropólogo e publicitário Renato Pereira, pareciam produções cinematográficas e apresentavam obras e projetos sempre na perspectiva de um eleitor beneficiado.

Nem mesmo problemas como os precários serviços de saúde provocaram perda de voto. Seus adversários chegaram a explorar o tema, mas Paes conseguiu reverter a crítica: pediu mais tempo - ou seja, votos - para completar o trabalho.

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