'Padilha não está sendo investigado pela Polícia Federal', diz Cardozo

Ministro da Justiça afirma que por enquanto há referências a partir de dados coletados; 'é injusto que exista prejulgamentos'

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Por Tania Monteiro
Atualização:

Brasília - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta quarta-feira, 30, que o ex-ministro da Saúde e pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PT, Alexandre Padilha, "não está sendo investigado nos inquéritos" conduzidos pela Polícia Federal na Operação Lava a Jato, que investiga esquema de lavagem de dinheiro que pode ter ultrapassado a cifra de R$ 10 bilhões.

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"Isso é um fato absolutamente claro: não há nenhuma situação de investigação específica" disse Cardozo.

A PF suspeita de influência política do doleiro Alberto Youssef, alvo central da operação, sobre Padilha, em virtude do diálogo interceptado em mensagens instantâneas entre Youssef e a doleira Nelma Mitsue Penasso Kodama, no dia 5 de março. Na conversa Youssef e Kodama discutem a indicação de um delegado. "Se o Padilha ganhar o governo ajudo ele e muito", respondeu o doleiro em trecho do diálogo interceptado pela PF.

Cardozo declarou nesta quarta que não se pode fazer prejulgamento em relação a ninguém. "Houve, aí é uma referência feita a partir de dados coletados, interceptações feitas pela imprensa, então isso me parece um dado muito claro", comentou o ministro da Justiça. "Apenas estou esclarecendo processualmente que o ministro Padilha não é investigado. Existem referências feitas ao ministro e divulgadas pela imprensa no âmbito de uma investigação criminal", acrescentou.

Para Cardozo, "é muito injusto, isto vale para qualquer pessoa, que exista prejulgamentos, especialmente de pessoas que não são investigadas". E emendou: "é muito injusto que se prejulgue. Para isso existe inquérito, processo. Para isso existe defesa. Portanto, eu acho que, às vezes, a sociedade tende a fazer prejulgamentos e isso é muito ruim. Para isso existe no Estado democrático de direito o devido processo legal. Portanto, acho que quaisquer prejulgamentos de qualquer natureza são inclusive inconstitucionais porque a própria Constituição diz que as pessoas só são consideradas culpadas após uma decisão judicial transitada em julgado".

Sobre a possibilidade de Alexandre Padilha ser substituído pelo PT em sua pré-candidatura ao governo de São Paulo, por causa das denúncias, o ministro Cardozo disse que não se pronunciava sobre isso e reiterou: "no que diz respeito aos outros aspectos, eu não me pronuncio. Apenas estou esclarecendo processualmente que o ministro Padilha não é investigado (pela PF)".

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