Othon Pinheiro foi preso novamente porque seguia exercendo influência na Eletronuclear

Segundo o procurador da República Lauro Coelho Jr., Eletronuclear produziu documentos que foram usados na defesa do ex-presidente da empresa em processo que corre na Justiça federal do Rio

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Por Vinicius Neder
Atualização:
O ex-presidente da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro, preso na Lava Jato Foto: Beto Barata|Estadão

RIO - A Operação Pripyat, deflagrada nesta quarta-feira, 6, pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF), prendeu o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro porque ele continuava exercendo influência sobre a empresa, subsidiária da Eletrobras, mesmo estando em prisão domiciliar. Segundo o procurador da República Lauro Coelho Jr., mesmo com a prisão, a Eletronuclear produziu documentos que foram usados na defesa de Pinheiro no processo que corre na Justiça federal do Rio, originado na 16ª fase da Operação Lava Jato, denominada Radioatividade.

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Já o atual presidente da Eletronuclear, Pedro José Diniz Figueiredo, foi acusado de interferir na comissão interna de investigação da subsidiária da Eletrobras, afirmou o delegado federal Frederico Skora, responsável pela investigação. “Ele exercia pressão sobre os funcionários, indicando como deveriam proceder nas oitivas”, disse o delegado.

Figueiredo foi conduzido coercitivamente para depor na operação desta quarta e seu afastamento do cargo foi determinado pela Justiça federal do Rio. O presidente é o único executivo da Eletronuclear da ativa entre os alvos dessa operação.

Ex-diretor. Ainda segundo o procurador, o ex-diretor da Eletrobras Valter Cardeal, tido como próximo a presidente afastada Dilma Rousseff, teve “papel ainda não esclarecido” na negociação de descontos nas obras de montagem eletromecânica da Usina Nuclear Angra 3. Cardeal foi conduzido coercitivamente para depor em Porto Alegre (RS).

De acordo com Lauro Coelho Jr., as investigações ainda não chegaram a uma conclusão sobre qual a função de Cardeal no esquema, mas ele estaria envolvido no pedido e no pagamento de propinas, tanto para os funcionários da Eletronuclear que recebiam recursos indevidos quanto para o “núcleo político”.

Nenhum dos alvos da operação tem prerrogativa de foro, segundo Coelho Jr. O procurador evitou responder se as investigações da Pripyat colheram alguma informação sobre pessoas com foro privilegiado, mas frisou que as investigações sobre o envolvimento de políticos no esquema de propinas da Eletronuclear, descoberto pela 16ª fase da Operação Lava Jato, denominada Radioatividade, foram transferidas para a Procuradoria-Geral da República, em Brasília.

Em abril, o Estado havia revelado que a delação premiada dos executivos da Andrade Gutierrez, principal empreiteira evolvida no esquema das obras de Angra 3, detalharia o papel de Cardeal. Funcionário da companhia de eletricidade do Rio Grande do Sul desde a década de 1970, ele teria sido levado ao governo federal por Dilma, quando a presidente afastada assumiu o Ministério de Minas e Energia.

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