Opositores têm semana do 'sinal trocado'

Tucano lidera defesa de indicado de Dilma ao STF; ex-pefelistas colaboram com vitórias do governo

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Por Daniel de Carvalho
Atualização:

BRASÍLIA - Se a base aliada está desarticulada, com rebeliões em momentos importantes que acabam impondo derrotas ao Palácio do Planalto, a situação na oposição não parece muito diferente nesses dias de intensas votações no Congresso.

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Há tucano votando pela flexibilização do fator previdenciário, um mecanismo criado no governo Fernando Henrique Cardoso, só para impor derrota ao governo petista. Há tucano se transformando no principal defensor do indicado ao Supremo Tribunal Federal pela presidente Dilma Rousseff. Há ex-pefelista que é opositor ferrenho do PT garantindo vitórias governistas no plenário da Câmara dos Deputados.

A semana dos “sinais trocados” começou na terça-feira. Relator da indicação de Luiz Fachin ao Supremo, Álvaro Dias (PSDB-PR) saiu em defesa do jurista na sabatina à qual foi submetido no Senado. Gaúcho, Fachin fez carreira no Paraná, Estado de Dias. Críticos do senador tucano dizem que ele defendeu o jurista apenas para ter alguém próximo na Corte. 

“O ataque a Fachin é para atingir Dilma e, da minha parte, por conhecê-lo bem, seria um oportunismo deplorável (atacá-lo)”, afirmou Dias. “O Supremo Tribunal Federal é uma instituição multifacetada e independente, e não um ringue para gladiadores da política se confrontarem. Está muito acima do duelo entre oposição e governo.”

Senador Alvaro Dias (PSDB-PR) Foto: Dida Sampaio/Estadão - 09.11.2013

Fachin é criticado por tucanos por sua proximidade com movimentos sociais. “Essa propalada militância político-partidária nunca existiu. Sou testemunha disso. Disputo eleição no Paraná nos últimos 40 anos. Nunca estive em confronto com ele e sempre estive em confronto com o PT”, argumentou Dias.

Mas, avisa o senador, a postura pró-governo é pontual. As medidas de ajuste fiscal, que entram na pauta do Senado nesta semana, não terão seu apoio. “O governo não faz a sua parte. Não promove reforma alguma, não reduz seus gastos, mantém estrutura agigantada e continua distribuindo cargos e verbas em troca de votos no Congresso. Nesse cenário, temos que confrontar. Vou me posicionar contrariamente.”

MPs. Sem o apoio da oposição, as Medidas Provisórias 664, que muda as regras da Previdência, e 665, que restringe o acesso ao seguro-desemprego, teriam ainda mais dificuldade de serem aprovadas na Câmara. “Os votos das oposições foram fundamentais para a aprovação da MP 665”, disse o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

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O governo conseguiu aprovar a MP 665, há duas semanas, com folga de apenas 25 votos. A oposição contribuiu com 19 votos. Na votação da MP 664, na quarta-feira, o Planalto venceu com 99 votos de vantagem, sendo 20 de partidos de oposição.

No DEM, antigo PFL, os nomes de dois deputados se destacam pelo “governismo”. São os baianos Cláudio Cajado e José Carlos Aleluia. “Não só votei, como fiz um discurso (em defesa do ajuste). Votei por defender a reforma da Previdência de Fernando Henrique”, afirmou Aleluia, referindo-se ao fato de não ter ajudado a flexibilizar o fator previdenciário, modelo que inibe aposentadorias precoces aprovado em 1999 no governo tucano, do qual o PFL era o principal apoiador.

Já o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) ia na direção contrária. O parlamentar explicou desta maneira o fato de ter ajudado a aprovar o fator previdenciário em 1999, no governo FHC, e agora, no governo petista, ter votado por sua flexibilização: “Nós não temos que dar explicação para ninguém do voto que demos”.

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