Operação Aquarela prende 19 pessoas por desvio de verba

Entre os presos, está o ex-presidente do Banco do Brasil Tarcísio Franklin Moura

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Numa operação conjunta, denominada de Aquarela, a Receita Federal, o Ministério Público e a Polícia Civil do Distrito Federal prenderam nesta quinta-feira, 17, o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB)Tarcísio Franklin Moura, o presidente da Associação Brasileira de Bancos Comerciais Estaduais (Asbace), Juarez Cançado e mais 17 pessoas de uma quadrilha especializada em desvio de dinheiro público mediante fraudes. Entre os presos, quatro são de São Paulo, um de Goiás e um do Paraná, Estados onde a quadrilha tinha ramificações. Os demais são de Brasília e mais um suspeito encontra-se foragido. Essa é a segunda vez em menos de um mês que o BRB ocupa as páginas policiais. Em 17 de maio passado, foi preso - e a seguir demitido do cargo - o então presidente do banco, Roberto Figueiredo, apanhado pela Operação Navalha por suspeita de envolvimento com a máfia das obras públicas. Durante o dia de ontem, foram cumpridos 40 mandados de busca e apreensão e seis andares do edifício sede do banco foram interditadas. A freqüência de denúncias de corrupção agravou a situação do BRB, um dos raros bancos estaduais ainda não privatizado. Num dos andares, foram encontradas duas pastas com US$ 200 mil, que não constam do patrimônio do banco e supostamente pertenciam à quadrilha. A polícia também recolheu, junto ao banco e a empresas e organizações não governamentais (OBGs) conveniadas, 130 computadores para serem periciados. Segundo a Receita e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, foram encontrados fartos indícios de desvio de dinheiro público, sobretudo mediante fraudes em licitações, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e outros crimes contra a administração pública. O esquema tinha a participação de várias ONGs que, embora sem fins lucrativos, eram na verdade entidades de fachada para lavagem de dinheiro desviado dos cofres públicos. A investigação constatou que essas ONGs vendiam notas fiscais correspondentes a projetos e serviços não executados. O valor pago pelos serviços fictícios seria direcionado aos reais beneficiários do esquema por meio de saques feitos via cartões corporativos pré-pagos ao portador. Participaram da operação 65 servidores da Receita, 30 Delegados e 250 agentes de polícia civil, além de 19 promotres de justiça do Distrito Federal e dos Estados envolvidos. A quadrilha, conforme a polícia, era investigada desde 2005. O grupo desviava recursos do BRB e de outros bancos ainda não divulgados. "Os envolvidos conseguiam contratos com o governo para uma certa finalidade e os contratos eram pagos sem que as atividades tivessem sido realizadas", disse o procurador-geral do DF, Leonardo Bandarra. As ONGs envolvidas na fraude seriam, além da Fundação Asbace de Ensino e Pesquisa, o Instituto Caminhar, o Projeto Conviver e Instituto Êxito. Há também 13 empresas de fachada envolvidas no esquema. O delegado Celso Ferro, encarregado do inquérito, citou que a fundação Asbace, por exemplo, oferecia cursos de inclusão digital, mas os recursos eram desviados sem que as aulas fossem ministradas. O Instituto Caminhar, cujo presidente, André Luiz de Souza, foi preso, simulava projetos de inclusão social. A secretária da ONG, Geovana Silva e o namorado dela, Pedro Barros, também estão entre os presos. Havia também uma editora de fachada - cujo único livro editado `Aquarela´, dá nome à operação, especializada em desviar dinheiro para a quadrilha, mediante notas frias e contratos fraudulentos. O presidente da Asbace seria um dos sócios da editora. O produto do roubo, conforme Celso Ferro, era aplicado em jóias e compras de dólares, além de outros bens ocultados da Receita. Todos os documentos apreendidos e pessoas presas na Operação Aquarela foram levados para a Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Deco), da Polícia Civil. Os 20 mandados de prisão temporária expedidos incluem vários diretores de empresas e presidentes de ONGs envolvidos nas fraudes. Nota à imprensa O Banco de Brasília (BRB) divulgou nota à imprensa informando que abriu sindicância interna para apuração dos fatos investigados na Operação Aquarela, deflagrada nesta quinta-feira pelo Ministério Público, Polícia Civil e Receita Federal. Na nota, o banco destaca que a atual diretoria "não possui vínculo com os fatos em apuração pelos órgãos competentes e está em plena atividade desenvolvendo projetos para suas respectivas áreas". O banco diz ainda que se preocupa com sua imagem e "espera que os fatos relacionados à citada operação sejam apurados com rapidez e eficiência". (Colaborou Fabio Graner)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.