PUBLICIDADE

O resgate do 'coração valente' na batalha do impeachment

Em encontro com mulheres nesta quinta no Palácio do Planalto, Dilma se emocionou e ficou com a voz embargada; auxiliares da presidente aprovaram o novo tom

Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa
Atualização:

Brasília - Foi uma cerimônia que fugiu do script. Disposta a rebater acusações de que perdeu o controle, a presidente Dilma Rousseff se emocionou e ficou com a voz embargada, nesta quinta-feira, 7, durante encontro com mulheres, no Palácio do Planalto. Auxiliares de Dilma aprovaram o novo tom e pretendem repaginar a imagem da mulher de “coração valente” – marca de sua campanha à reeleição –, agora na batalha contra o impeachment.

A presidente Dilma Rousseff Foto: Dida Sampaio|Estadão

PUBLICIDADE

Dilma fez um discurso sob medida para mostrar que não aceita a proposta de antecipação das eleições gerais, entoada nos últimos dias na capital da República à beira de um ataque de nervos. Disse acreditar que o Brasil precisa de “um grande pacto” e defendeu o entendimento nacional para superar a crise, mas “com respeito ao voto”. Seguia por esse caminho, condenando a “trama golpista” e lançando vacinas sobre a possibilidade de novos “vazamentos seletivos” de delações premiadas, até que enveredou pelo lado pessoal.

“Ninguém pergunta para um homem: você está sob pressão? Está nervoso? Perdeu o controle?”, observou ela, no Salão Nobre do Planalto. A plateia, formada por cerca de mil mulheres, puxou então um “Dilma/Guerreira/da Pátria Brasileira”.

Num discurso que tentou resgastar o combate contra o machismo travado em sua primeira campanha, em 2010, quando vira e mexe sacava um “sou uma mulher dura, cercada por homens meigos”, Dilma acabou imprimindo um estilo mais emotivo à estratégia de reação ao impeachment.

A ideia, agora, é mostrar que a ex-guerrilheira na ditadura enfrenta um novo modelo de golpe e vai reagir até o fim, sem renunciar ao mandato nem aceitar passivamente sua deposição.

“Estive três anos presa, ilegalmente, e sempre mantive o controle, o eixo e, sobretudo, a esperança”, insistiu a presidente. Aplaudida pela plateia de mulheres, ela citou até o câncer que enfrentou em 2009 para destacar sua capacidade de superação das adversidades.

Sob gritos de “Força Dilma”, a presidente-guerrilheira disse enfrentar a “sabotagem” de forças contrárias e repetiu mais de uma vez o mantra do “controle, eixo e esperança”. Ficou com os olhos úmidos quando subiu a rampa que liga o Salão Nobre ao terceiro andar do Planalto, onde está seu gabinete, e recebeu flores de muitas mulheres, que lhe pediam autógrafos e “selfies”. No meio da multidão, a aposentada Maria José Pereira Said, de 87 anos, moradora de Itaperuna (RJ), queria apenas desejar “boa sorte” a Dilma. Cercada por um séquito de seguranças, a presidente voltou alguns passos na rampa, agachou-se e deu um beijo nos cabelos brancos de dona Zezé.

Publicidade

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.