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O prefeito que tira selfie e guia táxi

Marqueteiro de si próprio, Eduardo Paes (PMDB) não perde a oportunidade se de destacar em inaugurações

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Por Luciana Nunes Leal
Atualização:
Paes aciona o 'no' quando algum secretário vai a seu gabinete para pedir verba Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO

No feriado de Nossa Senhora Aparecida, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), tomou banho de roupa e chapéu ao inaugurar a praia artificial no Parque Madureira. Um mês antes, bebeu cerveja na entrega da nova Praça Mauá. Já fez selfie com operários no Parque Olímpico e dirigiu táxi por duas semanas para o programa de TV do PMDB, tentando arrancar dos passageiros impressões da administração carioca.

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Ao largo da crise econômica e política, Paes segue na contramão de governadores e prefeitos que mal conseguem fechar as contas do mês. E muitas vezes faz das inaugurações de obras ações de marketing.

Enquanto o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) considerou vitória não atrasar o pagamento dos servidores, Paes anunciou reajuste de 10,34% ao funcionalismo municipal.

Embora tenha uma equipe de comunicação que monitora sua imagem, Paes é marqueteiro de si próprio. Decide visitas-surpresa para vistoria de obras, acompanha as redes sociais, pede sugestões de atividades que deem visibilidade. Descontraído, é estimulado a manter a espontaneidade com moderação. Nem sempre segue o conselho. Todo fim de semana, inaugura ou visita obras na periferia. Abraça e beija líderes comunitárias, chama de “minha linda”, joga bola com as crianças.

Paes jura que não planeja transformar sua agenda em grandes eventos. Atribui a visibilidade à inauguração de obras “impactantes” e de “planejamento estratégico”. Diz que a aliança com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com a presidente Dilma Rousseff foram importantes para tirar projetos do papel, mas insiste que não está em situação confortável. “Não estou tranquilo com nada, não durmo. Em boa parte dos domingos, na Gávea Pequena (residência oficial) ou na prefeitura, pego a caixinha das contas, olho as tabelas, leio todos os relatórios do mundo. Se já era agoniado, agora estou apavorado.”

No gabinete, Paes tem dois botões, um escrito “yes” e outro “no” - sim e não, em inglês. Ele conta que, quando um secretário aparece com ar de quem pedirá verba, o “no” é logo acionado. 

Embora procure destacar investimentos em saúde, educação e lazer nos quase sete anos de mandato, o prefeito sabe que a Olimpíada será o teste decisivo da administração, fundamental na tentativa de fazer o sucessor, o secretário de Coordenação de Governo, Pedro Paulo (PMDB).

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Em tempos de desemprego crescente, o prefeito promete criação de 38 mil vagas de trabalho por ano e investimentos de R$ 4 bilhões dos cofres municipais e R$ 22,6 bilhões em Parcerias Público Privadas.

Para o jornalista, publicitário e consultor de marketing político Chico Santa Rita, o estilo de Paes chama atenção pelo “oba-oba”, mas não garante a aprovação do eleitorado. “O eleitor não vai votar nele ou no candidato dele por causa da praia no Parque Madureira. Vai olhar o conjunto da obra. O abuso de propaganda pode virar contra o político.”

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