Novo líder do governo na Câmara é investigado por tentativa de homicídio

No histórico de André Moura (PSC-SE) consta ainda a suspeita de atuar em conjunto com outros aliados de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para chantagear o grupo Schahin

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Por Igor Gadelha
Atualização:

Brasília - O novo líder do governo na Câmara dos Deputados, André Moura (PSC-SE), é réu em três ações penais no Supremo Tribunal Federal (STF) e é investigado em pelo menos três inquéritos na Corte, entre eles um que apura suposta tentativa de homicídio.

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A investigação de tentativa de homicídio teve origem em depoimento do ex-prefeito de Pirambu (SE) Juarez Batista dos Santos. O gestor foi prefeito da cidade entre 2005 e 2008, tendo sucedido André Moura, que comandou o município por dois mandatos consecutivos, entre 1997 e 2004.

No depoimento, Juarez Santos relatou que, mesmo depois deixar de ser prefeito, Moura o pressionou a manter o poder sobre a gestão municipal e benefícios custeados pela prefeitura. O ex-prefeito disse que, na campanha eleitoral de 2006, quando Moura foi candidato a deputado estadual, essa pressão aumentou.

Santos contou que, sem conseguir atender as demandas de André Moura, acabou alvo de ameaças que culminaram com troca de tiros em frente a sua residência. Segundo ele, os disparos teriam sido feitos por quatro homens encapuzados e feriram o vigilante da residência dele.

Novo líder do governo na Câmara dos Deputados, deputado federal André Moura (PSC-SE) Foto: FOTO: ANDRE DUSEK|ESTADAO

A partir do depoimento, a Justiça de Sergipe abriu investigação contra o novo líder do governo por suposta tentativa de homicídio. Ao ser eleito deputado federal em 2011, o processo teve de ser transferido para o Supremo, uma vez que André Moura passou a ter foro privilegiado.

Em entrevista nesta quarta-feira, Moura disse que o ex-prefeito Juarez Santos mentiu no depoimento, por ser seu adversário político. Afirmou também que o Tribunal de Justiça de Sergipe tinha pedido arquivamento da investigação por falta de provas no Estado, mas o Ministério Público recorreu.

Outras investigações. Moura é alvo ainda de outros dois inquéritos no STF. O primeiro investiga crime contra a Lei de Licitações e peculado, por supostas contratações sucessivas, com dispensa e inexibilidade de licitação quando era deputado estadual. Já o segundo apura crime eleitoral de transporte em dia de eleição.

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Nas três ações penais das quais é réu, o novo líder do governo é investigado por crimes como formação de quadrilha, improbidade administrativa, crime de responsabilidade, peculado e desvio, por ter continuado usando bens e serviços custeados pela prefeitura de Pirambu, como alimentos, celular e veículos da frota municipal.

Lava Jato. Além dessas investigações, André Moura é investigado pela Operação Lava Jato, sob suspeita de atuar em conjunto com outros aliados de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para chantagear o grupo Schahin. A Procuradoria-Geral da República (PGR) suspeita que o grupo apresentou requerimentos e atuou na Casa para pressionar o grupo.

O novo líder do governo disse que não tem o que temer pelo fato de ser investigado pela Lava Jato. Ele alega que teve o nome incluído no inquérito por ter sido "agressivo" e "carrasco" durante a oitiva de executivos do grupo Schahin na CPI da Petrobras, no ano passado.

"Eu não poderia tratar réus confessos chamando de anjo ou santo ou recebendo flores", afirmou o deputado em sua primeira entrevista como líder do governo. Ele declarou que não recebeu doação de empresa investigada pela Lava Jato, nem teve o nome citado em qualquer delação premiada ou gravação.

Eleitoral. O novo líder do governo também teve suas contas de campanha de 2006, para deputado estadual, e de 2014, para deputado federal, desaprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe (TRE-SE). No segundo caso, o parlamentar recorre na segunda instância.

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