PUBLICIDADE

Nota do PSDB paulistano abre nova crise no partido

Caciques tucanos desautorizam Mario Covas Neto, que criticou encontros entre Aécio e Temer

Foto do author Pedro  Venceslau
Por Paula Reverbel e Pedro Venceslau
Atualização:

A nota em que o diretório do PSDB paulistano criticou encontro entre o senador Aécio Neves e o presidente Michel Temer abriu uma nova crise no partido.

Nota emitida neste domingo pelo vereador Mario Covas Neto, presidente do diretório municipal da sigla, afirmou que a presença de Aécio em reuniões com Temer causava "desconforto e embaraços". "Prove sua inocência, senador, e aí sim retorne ao partido”, escreveu. No texto, o vereador afirmou que o único que pode falar em nome da sigla é o presidente em exercício, o senador Tasso Jereissati.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) Foto: Dida Sampaio/Estadão

PUBLICIDADE

O movimento do vereador não encontrou respaldo entre outras lideranças tucanas. Procurado pelo Estado, Pedro Tobias, presidente estadual da sigla, defendeu que Aécio tem o direto de participar de encontros com Temer como senador e cidadão. “Acho lamentável”, disse Tobias, sobre a nota do diretório municipal. “Aécio foi sem representar o partido, já que está afastado. Ainda não foi condenado, é senador da República”, argumentou.

José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, considerou a nota “uma coisa totalmente fora de propósito”. “Quem fala em nome do PSDB somos todos nós, qualquer coisa diferente disso é censura. O Aécio é senador por Minas e se reuniu com o presidente para tratar da Cemig”, afirmou. Ainda sobre a nota, Aníbal reiterou: "o PSDB não pode conviver com esse tipo de censura".

Em nota, o senador mineiro Aécio Neves disse ter tratado de interesses da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) no último encontro Temer. "O PSDB tem responsabilidade para com a estabilidade política e a recuperação econômica do país, o que torna natural que lideranças do partido tenham conversas com o presidente e membros do governo", diz o texto.

A nota de Aécio afirma que as questões internas do PSDB são travadas internamente, "sem qualquer participação do governo ou do presidente".No Twitter, Temer disse que não entra em assuntos internos de outras legendas e disparou mais um ataque: "Teorias da conspiração são assunto de quem não tem o que fazer."

Mário Covas Neto também passou a ser alvo de ataques do diretório do PSDB de Minas. Seu presidente, o deputado federal Domingos Sávio, disse ao Estado: "É muita infelicidade o vereador entrar em um assunto que ele desconhece e que é de importância para os mineiros".

Publicidade

Sávio também divulgou nota em que sugere que o vereador seja uma figura pouco expressiva dentro do partido. "Ele, que já foi alvo de acusações extremamente graves, que espero sejam injustas, devia ter aprendido que cabe a  quem acusa ônus da prova", escreveu o deputado, sem citar o caso em questão.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.