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No esporte, grandes eventos e pouco legado

Governos petistas investiram alto em Copa e Olimpíada e política social ficou em 2º plano

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Por Almir Leite
Atualização:
Na África do Sul. Lula, Ricardo Teixeira e Joseph Blatter, durante cerimônia de início da jornada para a Copa do Brasil Foto: Ricardo Stuckert|PR - 8|7|2010
Contas salgadas Foto: Reprodução

Claro que Estados e municípios também contribuíram, mas o grosso saiu dos cofres do governo federal das mais variadas maneiras, como os R$ 3,8 bilhões retirados por meio da linha de crédito que o BNDES criou para construção e reforma das arenas – no total, foram torrados nos 12 estádios R$ 8,3 bilhões, R$ 1,4 bilhão deles gastos apenas no Mané Garrincha, de Brasília, que vive às moscas. Das contas da Copa do Mundo fazem parte também os gastos com a Copa das Confederações, realizada em 2013 como teste para o prato principal, já com o País sob o comando de Dilma. O Brasil ganhou em campo, mas a competição ficou marcada também pela tremenda vaia – acompanhada por xingamentos – que a presidente recebeu na abertura do torneio (Brasil 3 x 0 Japão), realizada no tal estádio de R$ 1,4 bilhão. 

Mas no campo esportivo o Brasil era o País da Copa e também da Olimpíada. O Rio se preparava com turbulências e atrasos em obras e o governo federal, apesar da crise, manteve os investimentos. Mesmo porque, vale ressaltar, seu quinhão com os Jogos é o menor de todos. De acordo com a última atualização da Matriz de Responsabilidades, divulgada em janeiro, apenas 8% dos R$ 36,7 bilhões que, estima-se, custarão a Olimpíada serão arcados por Brasília, ou seja R$ 1,2 bilhão. Se investe relativamente pouco na preparação da Olimpíada, o governo federal colocou dinheiro para valer no sonho de o País ficar entre as dez principais potências olímpicas nos Jogos que o Rio vai sediar. A iniciativa mais contundente dessa política é o Plano Brasil Medalhas 2016. Lançado com pompa e circunstância em setembro de 2012 – com Dilma no Planalto e Aldo Rebelo chefiando o Ministério do Esporte –, destinou R$ 1 bilhão aos esportes olímpicos e paraolímpicos, dinheiro investido na preparação de atletas com potencial para subir ao pódio. Tais programas, de certa forma, acabaram ligados a um maior, criado em 2005, no primeiro mandato Lula, e aclamado pelo governo como “o maior do mundo em patrocínio esportivo individual e direto”: o Bolsa Atleta, que nos dez primeiros anos – até agosto de 2015 – havia assistido em maior ou menor escala 43 mil atletas. No total, juntando todos os programas, o gasto federal previsto para preparar atletas para a Olimpíada atingirá, entre 2013 e 2016, R$ 2,5 bilhões, de acordo com dados oficiais divulgados pelo governo Dilma – que ajudou a preparar, mas não estará na festa.