O presidente Michel Temer teceu elogios ao prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), classificando-o de "extraordinário" e dizendo que ele "é uma figura muito adequada ao Executivo" e que "ninguém pode impedi-lo eventualmente de ser candidato", numa referência à sua sucessão presidencial. As declarações foram dadas em entrevista publicada nesta sexta-feira, 20, ao site Poder 360, do jornalista Fernando Rodrigues. Temer vai receber o prefeito na próxima terça-feira, 24. Doria vai pedir ajuda ao peemedebista para manter promessa de não reajustar a tarifa de transporte público.
O prefeito de São Paulo e o presidente conversaram nesta semana por cerca de duas horas em jantar na noite desta terça-feira, 17, em Brasília. Segundo o tucano, o presidente indicou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai liberar um empréstimo de R$ 1 bilhão para um programa de reasfaltamento das ruas de São Paulo. Segundo Doria, o recurso deve ser liberado até o fim deste ano e a expectativa é de que as obras comecem no início de 2018.
Na entrevista ao site, apesar do elogio ao prefeito, Temer tergiversou ao falar das eleições presidenciais 2018, alegando que ainda é cedo para saber como será o cenário sucessório. A respeito do outro postulante ao posto de cabeça de chapa do PSDB nas eleições presidenciais do ano que vem, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o presidente da República foi mais comedido. "Não tenho nenhuma queixa sobre o governador Alckmin." Indagado a respeito do presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ), Temer disse que o povo é quem deve fazer juízo de valor. "O povo é quem vai dizer quem deve ocupar o poder", frisou. Na entrevista, concedida na quinta-feira, 19, em seu gabinete no Palácio do Planalto, Temer reiterou que pretende modificar a portaria que alterou a definição do que pode ser enquadrado como trabalho escravo. E disse que irá incorporar sugestões feitas pela nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge. O presidente afirmou também que pretende retomar as discussões da reforma da Previdência, entre os temas que devem ser voltar à pauta do Congresso na semana que vem após superada a votação da denúncia na Câmara dos Deputados. Ele considerou que a aprovação ao menos de três pontos - o estabelecimento de uma idade mínima, as regras de transição e o corte de privilégios - já seria uma "boa reforma" neste momento. "Seria um grande passo", afirmou. Ele ressalvou que, apesar de considerar como 'ideal' que a reforma seja aprovada este ano, será necessário consultar as bancadas novamente. "Na primeira vez estava tudo ajustado para aprovar, não fosse uma certa irresponsabilidade denunciativa", afirmou.