'Não vou comprar briga com o PMDB', diz presidente da CPI da JBS

A comissão, que deve investigar o acordo de delação premiada da empresa, terá deputados e senadores; a sigla de Temer tenta emplacar um membro da sua troca de choque, Carlos Marun (MS)

Por Thiago Faria e Renan Truffi
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BRASÍLIA - O presidente da CPI mista da JBS, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), afirmou nesta segunda-feira, 11, que três deputados são cotados para assumir a relatoria da comissão: Carlos Marun (PMDB-MS), Hugo Leal (PSB-RJ) e Delegado Franscischini (SD-PR). A definição, segundo Ataídes, deve acontecer ainda hoje após reuniões com líderes partidários. Entre os três nomes, o mais cotado para assumir a relatoria da comissão é Marun, conhecido por ser da tropa de choque de Temer na Câmara. "Eu não vou comprar briga com o maior partido do Congresso, mas o ideal é chegarmos a um acordo", afirmou Ataídes, que disse, no entanto, preferir o nome de Franscischini por considerá-lo com perfil mais independente.

Senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

"Particularmente, vejo independência no nome do Franscischini. Mas estamos num parlamento e o PMDB é o maior partido. Temos um costume na casa que em comissões de inquérito e demais comissões, quando o PMDB não fica com a presidência, fica com a relatoria", disse Ataídes. A CPI mista da JBS foi instalada na semana passada e pretende se debruçar sobre o acordo de delação premiada fechado pela empresa de processamento de carnes e o Ministério Público Federal. A delação implica diretamente o presidente Michel Temer e a CPI deve ser usada pelo Planalto para atacar os delatores. Parlamentares já ameaçam deixar o colegiado caso Marun seja mesmo escolhido como relator. A primeira reação veio de deputados tucanos. "Se for o Marun, não vamos aceitar de jeito nenhum. Vai começar uma CPI chapa branca?", questionou o deputado João Gualberto (PSDB-BA), integrante titular do partido na comissão. "A CPI já começaria em pizza, seria um desrespeito sem tamanho. [Marun] É ligadíssimo a Eduardo Cunha. Não pode isso." O deputado Rocha (PSDB-AC), suplente de seu partido da CPI, reforçou a insatisfação. "Corre-se o risco daqueles que querem apuração séria entregarem [seus postos], para não participarem dessa farsa. Eu ficaria desconfortável, não pelo Marun em si, mas pelo que ele representa. Ele foi da tropa de choque do [Eduardo] Cunha, do Temer. Temos que buscar alguém que tem compromisso com algo maior: o esclarecimentos desses fatos todos". Segundo Ataídes, a previsão é que na sessão da CPI marcada para esta terça-feira, 12, a CPI vote requerimentos para convocar o empresário Joesley Batista, preso no domingo após suspeita de ter violado o acordo de delação. "O objetivo da CPMI é bastante amplo. Evidentemente o que motivou mais foi essa delação superpremiada", disse. Ele também pretende ouvir na CPI ex-dirigentes do BNDES e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entre outros nomes que devem ser convidados. 

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