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'Não houve e não há sinais de ruptura democrática no Brasil', diz Moro em Nova York

Juiz da Lava Jato comentou a situação do País ao ser homenageado como Personalidade do Ano nos Estados Unidos

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Por Sonia Racy e Ricardo Leopoldo
Atualização:

NOVA YORK - Dúvidas sobre o que teria levado o juiz Sérgio Moro a aceitar o prêmio Person of the Year, oferecido há 48 anos pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos (tradicionalmente dado a personagens destacadas da iniciativa privada brasileira e americana), terminaram depois que o magistrado discursou no jantar de gala em sua homenagem, nesta terça-feira, 15, em Nova York.

Sérgio Moro e sua mulher, Rosângela, conversam com o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, durante evento em NY Foto: VANESSA CARVALHO/ESTADAO

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“Quando recebi o convite, pensei se deveria aceitar. Não sei se um juiz deve chamar este tipo de atenção. Judiciário e juízes devem atuar com modéstia, de maneira cuidadosa e humilde, ponderou Moro diante de uma plateia de mais de mil pessoas, entre empresários e banqueiros.

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Mas, segundo o juiz, pesou o fato de que receberia o prêmio da iniciativa privada e em reconhecimento ao trabalho de tantas outras pessoas que, segundo ele, atuam no combate à corrupção no Brasil. “Entendi que tinha um sentido importante. Presumo que este prêmio significa que o setor privado, em geral, apoia o movimento anticorrupção brasileiro e isso, com certeza, faz uma grande diferença."

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Para o magistrado, a iniciativa privada não precisa esperar uma mudança de comportamento de quem está no poder. “Você simplesmente diz não à tentativa de achaque. É claro que muitas vezes é extorsão mesmo, mas, ocasionalmente, é só um acordo criminal", afirmou. Não há ganhos, na opinião de Moro, ao "se render à corrupção". “Todos nós queremos um governo limpo, um mercado limpo”, observou.

Moro disse não ver "risco" para a democracia brasileira e afirmou que os Estados Unidos podem apostar no Brasil. "Apesar de dois impeachments presidenciais e um ex-presidente preso, não houve e não há sinais de ruptura democrática", afirmou, em referência a Fernando Collor, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.

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O magistrado destacou o fato de executivos de grandes empreiteiras, da Petrobrás e políticos terem sido julgados e presos no Brasil, o que, segundo ele, indica duas percepções. Por um lado, afirmou, o País não ter conseguido impedir “o mal uso do poder para ganhos privados” por causar certa vergonha; por outro, no entanto, o avanço das investigações deve ser motivo de orgulho. “Nada de baixar a cabeça, o futuro só pode ser visto olhando acima o horizonte. E então você precisa elevar sua visão."

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Um grupo chegou a protestar contra Moro na entrada no Museu de História Natural, onde foi realizada a cerimônia, que também homenageou o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg. No seu discurso, o ex-prefeito João Doria, premiado de 2017, criticou a manifestação.

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