Não há razão para o PSDB participar do governo após as reformas, diz Alckmin

Declaração foi dada neste domingo, 9, em desfile que homenageia os combatentes da Revolução Constitucionalista de 1932

PUBLICIDADE

Foto do author Eduardo Laguna
Por Eduardo Laguna (Broadcast)
Atualização:

Na véspera da reunião com as principais lideranças tucanas para discutir o possível desembarque do PSDB da base aliada do governo do presidente Michel Temer, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), indicou que a decisão de seu partido sobre a permanência na gestão do peemedebista é uma questão de semanas. 

Após assistir ao desfile cívico em homenagem aos combatentes da Revolução Constitucionalista de 1932, na Capital, o governador adiantou que não vê motivo para o PSDB participar do governo depois da votação da reforma trabalhista, prevista para terça-feira, 11, no Senado. “Hoje nós devemos aguardar o término das reformas. Depois disso, eu vejo que não há nenhuma razão para o PSDB participar do governo”, afirmou.

Alckmin acompanhou o evento ao lado do prefeito de São Paulo, João Doria. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

PUBLICIDADE

O governador convocou uma reunião de emergência para alinhar o discurso da legenda. O encontro será na segunda-feira, 10, no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, com as principais lideranças do partido – como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, além de governadores e parlamentares. A reunião foi confirmada pelo prefeito João Doria (PSDB), que também participou do evento cívico neste domingo.

Alckmin adiantou, porém, que a reunião não deverá ser a que baterá o martelo sobre os rumos da aliança do partido com o governo Temer. Há semanas os tucanos vêm adiando uma decisão definitiva sobre quando desembarcar da base aliada do governo.

A iniciativa de convocar o encontro foi tomada em um momento de acirramento do racha entre os tucanos. O senador Tasso Jereissati (CE), presidente interino do partido, disse que o País “beira a ingovernabilidade”. Além disso, existe o temor de que a impopularidade de Temer possa contaminar o PSDB nas eleições de 2018.

“Turbulências”. Na avaliação de Alckmin, os tucanos devem ajudar o Brasil, “mas sem precisar participar do governo”. Questionado sobre se este é o momento certo para o PSDB sair da base aliada que dá sustentação ao governo Temer, Alckmin respondeu que por ele encerraria a aliança, mas ponderou que o partido tem responsabilidade com o País e que um eventual desembarque pode causar tumulto em um momento em que o governo federal já encontra dificuldades para aprovar a reforma trabalhista. 

“Eu encerraria. Vamos ter na terça-feira (11) a decisão da questão trabalhista. É questão de semanas (para o PSDB tomar uma decisão). Olha que não fui favorável a entrar no governo, mas acho que nós deveremos encerrar esse período (das reformas)”, disse o governador.

Publicidade

Alckmin voltou a defender que o compromisso de seu partido não deve ser com o governo nem com cargos. “Aliás, lá atrás (desde que Temer assumiu o comando do País) já tinha defendido que nós deveríamos aprovar todas as medidas de interesse do Brasil, as reformas, sem participar com cargos no governo”, disse Alckmin. “Precisamos preservar o emprego, ajudar a economia e não causar mais turbulência.” Equilíbrio. Doria, que assistiu ao desfile cívico ao lado de Alckmin, no Obelisco do Parque do Ibirapuera, afirmou que é preciso “olhar para o Brasil” e ter “calma e equilíbrio” para tomar decisões, apartadas da questão política. “Não defendo que o PSDB se mantenha no governo. Defendo que o PSDB tenha um olhar para o Brasil, e como fazer para que as reformas continuem.”

Para Doria, pensar neste momento apenas na questão partidária ou na oportunidade política é um erro. “É preciso ter consciência e equilíbrio para tomar decisões. Não vejo que as decisões devam ser apenas de ordem partidária e política. Devem ser de ordem social”, disse o prefeito, fazendo uma defesa da aprovação das reformas trabalhista e da Previdência.

Doria evitou falar sobre qual seria o melhor nome para liderar o País neste momento. “Não vejo discussão em torno de nomes. Vejo discussão em torno do País, de qual é a melhor alternativa para estabilizar o País.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.