Não há 'caos político', diz Cardozo em resposta à Comunicação do governo

Ministro da Justiça contesta avaliação feita por secretaria, revelada pelo 'Estado', que aponta falhas em estratégias do Planalto

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Por RAFAEL MORAES MOURA E RICARDO DELLA
Atualização:

Atualizado às 21h42 Brasília - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, contestou nesta quarta-feira, 18, a avaliação de documento reservado do Palácio do Planalto que vê “caos político” no atual cenário nacional. O conteúdo do texto foi revelado com exclusividade anteontem pelo portal www.estadao.com.br.

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“Não vejo caos político, é uma apreciação de quem fez o documento”, comentou Cardozo, em coletiva à imprensa no Palácio do Planalto depois de lançamento do pacote anticorrupção, anunciado pelo governo em reação aos protestos que reuniram levaram de pessoas às ruas em diversas cidades brasileiras. 

“Eu pessoalmente não vejo caos político, vejo uma situação em que o governo tem uma disposição ao diálogo, tem uma disposição de convergir, de buscar convergências com forças políticas. Vejo algumas forças políticas não muito propensas ao diálogo, mas é da vida democrática”, disse o titular da Justiça.

Elaborado pela Secretaria de Comunicação Social (Secom), o documento reconhece que o governo tem adotado uma comunicação “errática” desde a reeleição da presidente Dilma Rousseff, afirma que seus apoiadores estão levando uma “goleada” e “perdendo de W.O” para a oposição nas redes sociais e recomenda o investimento maciço em publicidade oficial em São Paulo, cidade administrada por Fernando Haddad (PT).

Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, no anúncio do pacote anticorrupção Foto: Evaristo Sá/AFP

Questionado se concordava com a análise de que a comunicação do governo está “errática”, Cardozo desconversou. “Não tinha recebido esse documento, não sei quem o fez, eu vou dizer francamente: não sou especialista em comunicação, mal e mal eu conheço Direito. Se você me perguntasse de assunto jurídico, eu me arriscaria a dar opinião, mas sobre comunicação, sinceramente não é a minha área”, disse o ministro. 

O documento interno do governo se divide em três partes, intituladas “Onde estamos”, “Como chegamos até aqui” e “Como virar o jogo”. “A comunicação é o mordomo das crises. Em qualquer caos político, há sempre um que aponte ‘a culpa é da comunicação’. Desta vez, não há dúvidas de que a comunicação foi errada e errática. Mas a crise é maior do que isso”, afirma o documento.

‘Fotografia’. Cardozo minimizou o resultado da última pesquisa Datafolha, que apontou tendência de aumento da insatisfação popular com o Palácio do Planalto. Publicada na edição de ontem do jornal Folha de S.Paulo, a pesquisa mostrou que 62% dos brasileiros classificam a gestão Dilma como “ruim ou péssima”. 

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“Pesquisas são fotografias de um momento e essas fotografias não prendem a realidade, a realidade tem fluxo”, disse. Segundo o ministro, esse o momento “fotografado” pela pesquisa deve ser analisado e servir como objeto de reflexão, “mas não aprisiona a realidade”.

Cardozo disse que “seguramente” ao longo dos próximos quatro anos esta “fotografia” vai mudar. “Os brasileiros terão um magnífico resultado a apreciar na fotografia que será tirada adiante”, completou. 

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