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'Não estou numa fase muito boa', diz Lula em passagem por Brasília

Ex-presidente expressou insatisfação com governo atual ao cumprir agenda e declarou que seu projeto político está 'esfarelando'

Foto do author Andreza Matais
Por Andreza Matais , Ricardo Brito e BRASÍLIA
Atualização:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu, nas conversas que teve com políticos em Brasília anteontem, que não atravessa uma boa fase. Lula disse estar preocupado com o andamento do governo de sua sucessora, Dilma Rousseff, e com os desdobramentos da Operação Lava Jato, em especial a decisão do dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, de ter fechado um acordo de delação premiada em troca de eventual redução de pena."Não estou numa fase muito boa, não", afirmou o ex-presidente. Com ar abatido, contrariando o discurso normalmente otimista nas conversas privadas, segundo pessoas com quem se encontrou, o petista comentou que está desesperançoso com as perspectivas para a economia brasileira, tidas por ele como muito ruins.Na avaliação de Lula, a rentabilidade das empresas no País tem caído, atribuindo ao governo da presidente Dilma Rousseff, sua pupila, a responsabilidade por estar tomando medidas equivocadas na condução da política econômica.Agenda negativa. Em uma dessas conversas, no almoço com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Lula afirmou que o governo precisa sair da pauta negativa do ajuste fiscal. O ex-presidente disse aos presentes que ações do governo que poderiam estimular a retomada da economia, como a terceira etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o pacote de concessões, ainda não saíram do papel. No giro por Brasília, o ex-presidente chegou a confessar também que o projeto político dele está "esfarelando". Ontem, Lula almoçou na embaixada de Cuba. Delação. Lula também se mostrou preocupado com as implicações da delação do dono da UTC, que na quarta-feira assinou com Procuradoria-Geral da República o acordo. Pessoa é apontado nas investigações como o chefe do cartel de empreiteiras que atuou na Petrobrás.No início do ano, antes da decisão do Supremo Tribunal Federal do fim de abril de soltar Pessoa e outros oito empreiteiros presos na operação, Lula se mostrava apreensivo com o que o dono da UTC poderia falar. Ele e Pessoa se tornaram amigos nos últimos anos. O ex-presidente temia que o empreiteiro, para poder deixar a prisão logo, revelasse informações que pudessem comprometê-lo.

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