O nome dele foi sugerido pelo marqueteiro argentino Diego Brandy, que era uma espécie de guru de Campos. A escolha de Lula foi por exclusão. “Marina tem horror a marqueteiro. Acha que eles constroem uma realidade paralela”, relembrou.
Quando começou a montar sua equipe de campanha, Campos sondou duas estrelas do mercado: Duda Mendonça e Renato Pereira. Ambos, porém, foram vetados pela então candidata a vice da chapa do PSB.
Brandy, então, acabou ocupando o espaço da comunicação, mas decidiu chamar Lula como parceiro. Em 2012, ele ganhou fama e prestígio em Pernambuco ao levar o tucano Daniel Coelho de 3% das intenções de voto para 27,65% dos votos válidos na disputa no Recife.
A dupla, então, montou uma grande estrutura em São Paulo e passou a trabalhar pelo candidato do PSB com o mote “Coragem para Mudar o Brasil”. Após o acidente aéreo, eles foram “herdados” por Marina Silva.
“Marina é uma pessoa doce e cordial, mas é muito dura politicamente. A coerência dela é tão inflexível que não aceitou aliança com (Geraldo) Alckmin em São Paulo. Faltou jogo de cintura e ela perdeu espaço no Estado”, diz Lula.
Pouco depois da morte de Campos, a comoção com o caso catapultou a ex-ministra para a liderança nas pesquisas de opinião, desidratando o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o nome favorito da oposição.
Alvo. A ascensão tornou a candidata um alvo fácil de ser batido. Marina tinha pouco mais de dois minutos de TV, enquanto a candidata à reeleição, Dilma Rousseff, 11 minutos. “Teve um dia que usaram 9 minutos para dar porrada na Marina”, lembra Lula.
Além do pouco tempo no palanque eletrônico, a campanha entrou em colapso. “O plano de governo era feito por tanta gente que era uma peneira”, conta o marqueteiro. “Além disso, a campanha da Dilma custou 15 vezes mais. A gente tinha pouca estrutura e equipe. Nossa campanha era muito frágil”.
À falta de tempo, dinheiro e estrutura somou-se a intransigência programática da Rede e a fragilidade física de Marina, que sentiu a pressão.
A queda nas pesquisas ocorreu na mesma velocidade que a subida, o que espantou doadores e deixou a campanha na penúria. A estratégia agressiva da campanha petista deu certo, mas por pouco não se voltou contra Dilma. No segundo turno, Aécio perdeu por pequena margem. / P.V.