Mulher de lobista preso na Zelotes diz que ação da PF foi 'truculenta'

Maura Montella reclamou quando polícia realizou busca e apreensão em sua residência durante as investigações; seu marido Alexandre Paes dos Santos está preso desde outubro

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Foto do author Andreza Matais
Foto do author Beatriz Bulla
Por Fabio Fabrini , Andreza Matais e Beatriz Bulla
Atualização:

BRASÍLIA - A economista Maura Montella, mulher do lobista Alexandre Paes dos Santos, conhecido como 'APS', preso desde outubro na operação Zelotes, relatou em depoimento que a Polícia Federal foi "truculenta" em busca e apreensão realizada em sua residência no âmbito das investigações. De acordo com ela, que prestou depoimento nesta manhã à Justiça Federal de Brasília, os agentes fizeram comentários "desagradáveis" com funcionários da casa.

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A 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília começou a ouvir nesta manhã o depoimento de testemunhas e informantes em ação penal sobre a "compra" de medidas provisórias no governo, caso investigado na Operação Zelotes.

"Nós não estávamos em casa, mas a funcionária que trabalha comigo me relatou coisas muito desagradáveis, sobretudo com relação a mim e comentários sobre os meus papéis, quanto eu recebo na universidade, que achei invasivos e desagradáveis", relatou Maura Montella. Ela disse ainda que sua funcionária lhe telefonou para pedir a senha de um cofre da residência e afirmou que, se o código não fosse passado de maneira breve, os agentes "iriam explodir".

"Ao ver garrafas de vinho, disseram a ela (funcionária) que 'uma garrafa dessa é muito mais do que seu salário e você fica aqui defendendo seus patrões'", complementou Maura Montella.

Na oitiva, ela destacou que o marido não era sócio de José Ricardo da Silva na SGR consultoria, empresa que teria atuado na compra das medidas provisórias, e que as empresas dos dois apenas compartilharam o mesmo espaço.

A defesa de APS buscou demonstrar nas oitivas que não houve atos de corrupção para compra das MPs, mas apenas atividades de lobby para convencer oficiais de que as medidas eram viáveis e benéficas para o País, dentro da regularidade.

Também foi ouvida nesta manhã a cientista política especializada em lobby Andrea Gozzeto. A especialista afirmou à Justiça Federal, ao falar sobre regras de contrato entre montadoras e investigados: "Nenhuma delas (as estratégias de ação do contrato) me pareceu ilícita". "O cliente tem um interesse e esse interesse precisa ser defendido", afirmou Andrea Gozzeto.

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Para esta segunda-feira, estão previstos os depoimentos de ao menos 16 pessoas indicadas pelas defesas dos réus. Entre os presentes estão o ex-chefe de gabinete do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva Gilberto Carvalho e o atual secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira. Os dois aguardam para ser inquiridos.

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