PUBLICIDADE

MP investiga transações bancárias entre Bancoop e PT

Movimentações teriam como destino o caixa das campanhas eleitorais do partido, diz revista

Por Ana Paula Scinocca
Atualização:

O Ministério Público de São Paulo teve acesso, pela primeira vez, a registros de transações bancárias realizadas pela Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) entre 2001 e 2008. Essas movimentações teriam como destino o caixa das campanhas eleitorais do Partidos dos Trabalhadores (PT), segundo reportagem da revista Veja que chegou neste sábado, 6, às bancas.

 

Lula nega licença para fazer campanhaO MP investiga há quase três anos a Bancoop, que surgiu com a promessa de entregar imóveis com custos abaixo do mercado. De acordo com a revista, pelo menos 400 famílias movem processo contra a cooperativa. Muitas delas estão até hoje sem receber seus imóveis e outras alegam, na Justiça, dificuldade de continuidade de pagamento das parcelas em função de reajustes considerados acima do valor de mercado.A investigação do MP, diz a revista, revela que saques em dinheiro feitos por meio de cheques emitidos pela Bancoop, para ela mesma ou seu banco, chegavam a R$ 31 milhões. Os recursos teriam sido usados para financiar, inclusive, a campanha de 2002 do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Na última sexta, o promotor José Carlos Blat pediu à Justiça o bloqueio das contas da Bancoop. Além disso, solicitou a quebra do sigilo bancário do ex-diretor financeiro e ex-presidente da cooperativa, João Vaccari Neto. Ele é apontado como principal responsável pelo esquema de desvio de dinheiro da Bancoop. Recentemente, Vaccari Neto foi nomeado tesoureiro do PT. Entre suas novas atribuições, está a de cuidar das finanças da campanha eleitoral de Dilma Rousseff (PT) à Presidência.Ainda segundo a revista, outros cheques, no valor total de R$ 10 milhões, foram encontrados. Eles eram referentes ao período de 2003 a 2005 e teriam como destino quatro dirigentes da cooperativa: o ex-presidente Luiz Eduardo Malheiro e os ex-diretores Alessandro Robson Bernardino, Marcelo Rinaldo e Tomas Edson Botelho Fraga. Os três primeiros citados morreram em um acidente de carro, em 2004, em Petrolina (PE).Procurada, a Bancoop negou, por meio de seu advogado, Pedro Dalari, as informações divulgadas por Veja. Ele afirmou que a intensa movimentação bancária da cooperativa ocorre porque cada empreendimento tem uma conta corrente própria. Explicou ainda que a segmentação das contas foi feita em acordo com o próprio Ministério Público. Dalari disse ainda ver interesse eleitoral na divulgação da matéria às vésperas da instalação de uma CPI, requerida pelo PSDB, na Assembleia Legislativa paulista sobre a Bancoop.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.