Moreira Franco vira 'novo síndico' do Planalto

Agora ministro da Secretaria-Geral da Presidência, o ex-secretário executivo do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) já tem causado 'ciumeira' nos corredores da sede do Poder Executivo

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Por Carla Araujo e Tania Monteiro
Atualização:
O presidente Michel Temer e o titular da Secretaria-Geral Moreira Franco na posse de ministros Foto: André Dusek/Estadão

BRASÍLIA - O agora ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, ainda não sabe qual sala irá ocupar dentro do Palácio do Planalto, mas sua personalidade descrita como “forte” já tem causado “ciumeira” nos corredores da sede do Poder Executivo, que terá “um novo síndico”.

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O antes ministro todo poderoso da casa, Eliseu Padilha (Casa Civil), perdeu atribuições para Moreira, que agora comandará toda a administração do Palácio, incluindo a comunicação social do governo e o cerimonial. No mínimo, ambos terão que dividir os holofotes de “homens fortes de Temer”.

Mesmo ocupando atualmente o antigo e pomposo gabinete de Michel Temer quando ele estava na Vice-Presidência, Moreira deixará a sala que fica no anexo do Planalto. A aposta é de que ele escolherá uma sala no terceiro andar, o mais próximo possível do presidente.

Pelo menos uma fonte afirmou que Moreira pode desalojar o atual chefe do cerimonial, Pompeu Andreucci, que será seu subordinado. Pompeu é uma das figuras “coladas” no presidente e tem sua sala a poucos metros do gabinete de Temer. Apesar disso, o quarto andar pode ser adaptado para receber “o novo prefeito do Planalto”.

Caberá a Moreira, como destacou Temer no discurso de posse nesta sexta-feira, 3, “estruturar” a administração interna do Planalto. Justamente por isso, os atuais ocupantes dizem que “o novo síndico” poderá fazer o que quiser.

Poderes. No quarto andar, ficam os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha; do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Sergio Etchegoyen; e onde ficará o da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy. O tucano Imbassahy, que finalmente chegou ao Planalto depois de meses de promessa, também teve que “ceder” poderes a Moreira.

A secretária de Administração da Presidência, que estava sob o guarda-chuva da Secretaria de Governo, foi transferida para a Secretaria-Geral da Presidência. Moreira ganhou ainda a Secretária de Assuntos Estratégicos, que será ocupada por um antigo colaborador de Temer, o cientista político Hussein Kalout.

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Assim que foi oficializado pelo porta-voz da presidência como novo ministro, Moreira recebeu afagos de seus “colegas de esplanada”. Segundo interlocutores, no avião presidencial em que Temer levou uma ampla comitiva para a visita de cortesia ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por conta do estado de saúde de sua mulher Marisa Letícia, nesta quinta-feira, 2, a cadeira ao lado de Moreira foi uma das que teve maior circulação.

Delação. Com foro privilegiado, Moreira Franco, que foi citado na delação do ex-vice-presidente de relações institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, pelo menos por enquanto, fica “protegido” do juiz Sérgio Moro, que comanda os processos da Lava Jato na primeira instância. Segundo fontes do Planalto, Temer sabe do risco desta estratégia, mas como entende que “começou uma guerra” e que os vazamentos seletivos de informações atingirão o governo, o presidente reconheceu que precisava blindar Moreira.

Uma das avaliações feitas por Temer, segundo fontes, é de que ele cometeu um erro ao não dar o status de ministro a Moreira logo no início do seu governo, o que acabou deixando o seu aliado mais exposto às críticas. Moreira disse nesta sexta-feira que havia pedido para que a secretária-executiva do PPI não tivesse esse status.

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“O presidente errou lá atrás, agora não dava mais para esperar e como precisava fazer essa reformulação ele resolveu conceder o status de ministro”, observou uma fonte. Questionado se a nomeação teria sido feita para proteger Moreira na Justiça, Temer respondeu: “Vejam meu discurso”.

Na cerimônia, Temer afirmou: “Hoje se trata apenas de uma formalização, porque na realidade o Moreira já era ministro desde então”, disse, em relação ao cargo de secretário executivo do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI). “Agora ele vem na verdade acrescido de outras tantas tarefas”, disse. “Eu tenho absoluta confiança e certeza absoluta de que o Moreira fará, continuará a fazer um belíssimo trabalho.”

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