Ministro do STF sugere haver indícios de lavagem de dinheiro nas doações

'Está tudo muito esquisito', disse Gilmar Mendes sobre arrecadação para pagar multas de condenados do mensalão; há elementos para o Ministério Público iniciar uma investigação, afirmou

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Por Ricardo Galhardo e Mariângela Gallucci
Atualização:

Brasília - O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta terça-feira, 4, haver elementos para que o Ministério Público inicie uma investigação para apurar o processo de arrecadação de dinheiro para pagamento de multas impostas a condenados no processo do mensalão. "E se for um fenômeno de lavagem? O Ministério Público precisa olhar isso", comentou.Para Gilmar Mendes, está "tudo muito esquisito". Além da coleta de dinheiro "com grande facilidade", o ministro do STF citou o fato de José Dirceu ter conseguido uma oferta de emprego com salário mensal de R$ 20 mil para trabalhar em um hotel em Brasília, mas sob administração de uma empresa com sede no Panamá. "Seria empregado e empregador?", indagou.Mendes reforçou que os condenados no mensalão não são presos políticos. "São políticos presos por corrupção. É disso que estamos falando", declarou o ministro.Inoportuna. Para o coordenador do setorial jurídico do PT, Marco Aurélio Carvalho, organizador das campanhas de arrecadação, a frase de Gilmar Mendes foi inoportuna. Segundo ele, o partido tem as listas com os nomes e valores que serão informados nas declarações de renda de Genoino e Delúbio em 2015."Qualquer fala sem base em fatos e documentos é absolutamente inoportuna", disse ele.Em conversas reservadas, integrantes da direção petistas avaliaram a declaração de Mendes como uma manobra para tentar desestimular a militância do partido a colaborar com o pagamento das multas de José Dirceu e João Paulo Cunha, cujas campanhas de arrecadação estão previstas para começar nas próximas semanas.Segundo Carvalho, o PT só vai revelar quem são os doadores caso as informações sejam requeridas pela Justiça. "Temos todos os nomes e valores. Estas informações serão declaradas no Imposto de Renda de Genoino e Delúbio. Só vamos revelar estes dados se houver um pedido da Justiça, até porque são protegidos por sigilo", afirmou.

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