Ministro da Transparência exonera secretário que conduzia acordos de leniência

Carlos Higino Ribeiro de Alencar é considerado pela gestão interina de Michel Temer como muito alinhado com o governo da presidente afastada Dilma Rousseff

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Por Fabio Fabrini
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro da Transparência, Torquato Jardim, decidiu exonerar do cargo o secretário executivo da pasta, Carlos Higino Ribeiro de Alencar. A mudança foi comunicada a servidores do órgão por meio de uma nota interna, obtida pelo Estado

Auditor da Receita Federal, que vinha conduzindo acordos de leniência com empreiteiras da Lava Jato, Alencar é considerado pela gestão interina de Michel Temer como alinhado com os governos da presidente afastada Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele ocupou o cargo, segundo na hierarquia da pasta, nas administrações de três ministros nomeados pelos presidentes petistas, chegando a comandar o Ministério da Transparência (extinta Controladoria-Geral da União, CGU) como interino em alguns períodos. Também foi secretário de Transparência do ex-governador do DF Agnelo Queiroz (PT).

Carlos Higino Ribeiro de Alencar Foto: Luiz Macedo|Agência Câmara

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No último ano, Alencar se desgastou com ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) nas discussões sobre a participação do órgão na negociação de acordos de leniência com empreiteiras investigadas na Lava Jato. Ele seria substituído por Fabiano da Silveira, primeiro ministro nomeado por Temer na Transparência, mas o então chefe da pasta deixou cargo com a divulgação de áudios nos quais criticava a condução da Operação Lava Jato.

Alencar será substituído por Wagner de Campos Rosário, há sete anos servidor de carreira da do Ministério da Transparência (extinta Controladoria-Geral da União, CGU), com mestrado em controle da corrupção no Estado de Direito.   

Em junho, Jardim já havia exonerado o corregedor-adjunto de Infraestrutura, Marcelo Vianna, outro servidor responsável pela condução dos acordos de leniência. Ele foi deslocado para o setor de recursos humanos da Transparência. Para o posto, foi nomeado outro servidor de carreira.

Alencar não quis se manifestar sobre a exoneração. A assessoria de Torquato Jardim informou que não se pronunciaria. No comunicado interno, o ministro elogiou o desempenho e “profissional” e “leal” de Alencar, dedicado ao “provimento do melhor serviço à sociedade brasileira”.