Ministro da Justiça não garante permanência de diretor da PF

‘Não há nomes, e sim instituições’, diz Torquato, que convocou a imprensa, mas não respondeu se Daiello fica no cargo

Por Carla Araujo
Atualização:

BRASÍLIA - Em um pronunciamento de menos de cinco minutos ao lado do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, criticou neste sábado, 24, informações sobre a substituição do chefe da corporação, mas não garantiu sua permanência no cargo. "Não há nomes, e sim instituições. Não estamos preocupados com personalidades, estamos comprometidos com a instituição”, afirmou Torquato.

O Ministério da Justiça havia informado que haveria uma entrevista coletiva para desmentir o que a pasta chamou de “boatos” sobre a saída do diretor-geral da PF do cargo. Os jornalistas, porém, não puderam fazer perguntas.

Diretor geral da Policia Federal, Leandro Daiello Coimbra, ao lado do Ministro da Justiça, Torquato Jardim, em pronunciamento Foto: Dida Sampaio/Estadão

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“O Ministério da Justiça e a Polícia Federal fazem questão de expressar à sociedade brasileira a sua absoluta harmonia na condução das duas instituições. O noticiário que está aí é, para usar um termo moderno, a pós-verdade, não corresponde à realidade”, disse Torquato.

‘Harmonia’. O ministro afirmou que ele e Daiello têm trabalhado “com a mais absoluta harmonia e camaradagem, ambos igualmente comprometidos com a instituição da PF”.

O diretor-geral da PF também adotou um discurso no qual ressaltou a “perspectiva institucional”. “Não é uma perspectiva pessoal”, afirmou. Daiello disse que desde a posse do ministro da Justiça, há cerca de um mês, apresentou a pauta da PF ao novo titular da pasta.

Pela manhã, os dois se reuniram na sede do Ministério da Justiça. O encontro ocorreu um dia depois de a PF concluir que o áudio da conversa gravada pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, com o presidente Michel Temer, no dia 7 de março, no Palácio do Jaburu, não sofreu alterações.

O áudio, anexado ao inquérito da PF no qual Temer é investigado pelos crimes de corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa é uma das principais provas apresentadas por Joesley em seu acordo de delação premiada. A perícia na gravação feita pelo empresário era aguardada pela Procuradoria-Geral da República para a apresentação da acusação formal contra Temer, o que deve ocorrer nesta semana.

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Ao assumir o Ministério da Justiça, pasta à qual a PF é subordinada, Torquato afirmou que não descartava mudanças no comando da corporação, responsável pelas ações da Operação Lava Jato. Segundo ele, a permanência ou não de Daiello levaria três meses de “observações”.

O novo ministro também avisou que o efetivo da Polícia Federal nas investigações dependerá de uma análise do orçamento da corporação.

Sem questionamentos. Torquato saiu da sala de entrevista sem responder às perguntas de jornalistas e deixou o diretor-geral da PF na mesa. Daiello fez uma breve fala aos jornalistas, destacando que apresentou ao ministro da Justiça uma pauta da instituição desde o início da gestão de Torquato. Ele também saiu apressado do local sem responder às perguntas dos repórteres presentes.

O atual diretor-geral da PF foi nomeado para o cargo em 2011, durante a gestão da presidente cassada Dilma Rousseff. A cada troca de titular da pasta da Justiça a substituição de Daiello é cogitada.

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