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Ministérios de aliados terão ‘devassa branda’

Estratégia da gestão Temer é ‘aliviar’ detalhamento da situação de pastas que foram comandadas pela sua base atual durante o governo Dilma

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Foto do author André Borges
Por André Borges e Anne Warth
Atualização:
Belo Monte é obra gerida por ministros do PMDB Foto: DANIEL TEIXEIRA|ESTADÃO

BRASÍLIA - Após a primeira semana de trabalho no Palácio do Planalto, o presidente em exercício Michel Temer tem em mãos grande parte das informações dos seus ministros sobre os “esqueletos” deixados pela gestão da presidente afastada Dilma Rousseff na Esplanada. A situação é considerada crítica na maioria das pastas, mas o governo vai diferenciar o discurso a depender da área.

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Em ministérios onde havia grande número de aliados e que foram comandados nos últimos anos por PMDB e PP, principal base de apoio da atual gestão, não haverá um discurso enfático de que foram encontrados problemas ou mesmo um detalhamento maior sobre eles. É o caso de Minas e Energia e da Integração Nacional. Não por acaso, os dois últimos a terem seus ministros confirmados, respectivamente, Fernando Coelho Filho (PSB-PE) e Helder Barbalho (PMDB-PA). Por outro lado, ministérios que foram predominantemente comandados pelo PT serão alvo de uma revisão mais incisiva.

Minas e Energia está há mais de dez anos nas mãos do PMDB, o que tem limitado as críticas à gestão da Eletrobrás, mergulhada em dívidas e suspensa nesta semana do pregão da Bolsa de Nova York. Desde que a presidente afastada Dilma Rousseff deixou o comando do ministério, em 2005, passaram pela pasta Silas Rondeau (2005-2007), Edison Lobão (2008-2014) e Eduardo Braga (2015-2016), todos do PMDB. O ex-presidente José Sarney também sempre exerceu grande influência no setor.

O ministério também tem relação direta com a Operação Lava Jato, cujos principais partidos investigados são PT, PMDB e PP. A Petrobrás, foco da investigação, é subordinada à pasta.

Transposição. No comando do Ministério da Integração Nacional, que há dez anos tenta entregar a transposição do Rio São Francisco, obra mais cara do País bancada com recursos públicos, já passaram lideranças do PMDB, PP e PSB. Dentre os que ocuparam a pasta, estão o atual ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB), que ocupou o posto durante todo o segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2007 e 2010. Depois, já no primeiro mandato de Dilma, o ministro foi Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), pai do atual titular de Minas e Energia. Agora, com a nomeação de Helder Barbalho, o projeto retorna ao PMDB.

Apesar de o preço do projeto ter quase dobrado desde o início da obra, de R$ 4,7 bilhões para R$ 8,2 bilhões, e hoje não haver recursos para concluir os ramais de acesso à transposição, Barbalho minimiza os problemas. “Com os recursos empenhados, já dá para concluir a transposição. O que nós estamos buscando é empenho para as obras adjacentes, para que a água possa chegar aos lares e ao setor produtivo”, afirmou Barbalho ao Estado.

Já o ministro Fernando Coelho Filho informou que ainda traça um diagnóstico do setor de energia e que só vai se manifestar quando concluir a formação de sua equipe. É sabido, no entanto, que o setor elétrico é visto como um “microcosmo” da economia brasileira: quebrado financeiramente e com poucas possibilidades de cobrir seu rombo por meio de aumento de impostos ou um novo tarifaço. No entanto, segundo interlocutores, ele não pretende confrontar as políticas adotadas por seu antecessor, o peemedebista Eduardo Braga. Com aval do Planalto, a estratégia é não se desgastar em uma “autópsia do passado”, como tem sido dito nos corredores do ministério, nem em embates com a base aliada no Congresso, de onde veio e por onde foi indicado ao cargo.

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