Ministério Público tenta barrar transferência de Cabral de Bangu

Sérgio Cabral iria para o antigo Batalhão Especial Prisional (BEP) de Benfica, na zona norte do Rio

Por Roberta Pennafort
Atualização:

RIO - O Ministério Público do Rio tenta barrar a transferência do ex-governador Sergio Cabral (PMDB), preso há quase três meses no complexo de presídios de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio, para o antigo Batalhão Especial Prisional (BEP) de Benfica, na zona norte, onde está sendo construída uma ala para presos da Lava Jato.

Ex-governador Sérgio Cabral foi preso em novembro de 2016 Foto: Rodrigo Félix

O presídio está desativado desde 2015 e, segundo revelou o “Fantástico” deste domingo, 12, vem sendo reformado para abrigar presos com curso superior, como o ex-governador. Serão criadas 216 vagas, sendo 72 especialmente para os detentos da Lava Jato. Eles ficarão numa ala separada, com nove celas e oito vagas cada (serão quatro beliches por cela). O empresário Eike Batista, preso desde 30 de janeiro também em Bangu, não será levado para lá, uma vez que não possui diploma. O “Fantástico” mostrou que a cela do BEP a ser ocupada por Cabral tem as mesmas dimensões daquela em que ele está em Bangu: 16 metros quadrados. No entanto, o colchão em que passará a dormir é mais alto e confortável – foram usados por atletas que usaram a Vila Olímpica durante a Olimpíada de 2016 –, e a separação entre o local de repouso e o banheiro, onde fica um chuveiro e um vaso sanitário, é mais elevada, o que dá maior privacidade ao detento. Quando em funcionamento, o BEP abrigava policiais militares que aguardavam julgamento. A unidade foi fechada depois que uma juíza foi agredida a pauladas durante uma inspeção-surpresa. Na ocasião, foram descobertas regalias que os presos tinham, como móveis, eletrodomésticos e celulares. Eles tinham acesso até a carne para churrasco e cerveja. Ao “Fantástico”, o secretário de Administração Penitenciária, coronel Erir Ribeiro, negou que Cabral vá obter privilégios no BEP. A promotora Valéria Videira, responsável pela fiscalização de penitenciárias, disse que o MP vai tentar impedir a transferência. “A falta de fiscalização e a vulnerabilidade do local vão propiciar o ingresso de mordomias e vantagens que hoje não estão ocorrendo (em Bangu)”, ela afirmou.

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