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Ministério da Saúde fará "censo da boca"

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Ministério da Saúde vai realizar, de julho a novembro, o maior levantamento sobre a situação dentária dos brasileiros. O chamado "censo da boca" examinará cerca de 150 mil pessoas, na faixa de 0 a 74 anos, em 250 municípios de todas as regiões do País. Além de verificar a incidência de cáries e a falta de dentes, equipes de dentistas estarão atentas a doenças periodontais (nas gengivas), fluorose (decorrente de excesso de flúor na água) e casos de câncer. Os resultados do censo deverão ser divulgados em dezembro. "Vamos fazer uma radiografia do povo brasileiro", diz o presidente do Conselho Federal de Odontologia, Miguel Álvaro Santiago Nobre. O último levantamento nacional ocorreu em 1996. Mas ficou restrito a identificar cáries em crianças de 6 a 12 anos e foi realizado apenas nas capitais. "Nunca tivemos algo parecido na proporção do que faremos", comemora. Tradicionalmente retratado com um País de desdentados, o Brasil tem motivos para isso. Em 1998, quase um quinto da população (19%) nunca havia consultado um dentista, segundo estudo divulgado pelo ministério a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE. Nas zonas rurais, esse porcentual era de 32%. O conselho e a Associaçao Brasileira de Odontologia são parceiros do governo no "censo da boca". Estudos-piloto foram desenvolvidos no ano passado em Canela (RS) e Diadema (SP). O balanço da situação em Diadema revelou que o atendimento odontológico à população adulta é tardio e mutilador. Enquanto os jovens de 15 a 19 anos apresentaram, em média, quatro dentes atacados por cárie, a população de 35 a 44 anos registrou mais de 18 dentes afetados. Entre a amostra de adultos, mais de 60% dos dentes atingidos haviam sido extraídos. No mês que vêm, o Conselho Federal de Odontologia lançará a campanha "Não existe saúde sem saúde na boca". Miguel Nobre explica que os cuidados com a saúde bucal vão muito além da preocupação com cáries e a perda de dentes. Segundo ele, 40% das doenças cardíacas de causa bacteriana são decorrentes de doenças infecciosas na boca.

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