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Miller rebate Janot e diz que não agiu por 'ganância'

Ex-procurador é acusado de orientar executivos da J&F no acordo de leniência enquanto ainda atuava no MPF

Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla
Atualização:
O ex-procurador Marcello Miller e o ex-procurador-geral Rodrigo Janot Foto: Alex Lanza/MPMG e Fellipe Sampaio/SCO/STF

BRASÍLIA - Na mira da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, o ex-procurador da República Marcello Miller disse ao Estado que “não recebeu remuneração da J&F por nenhuma atividade” relativa à empresa e que não agiu por ganância. A manifestação é uma reação à entrevista do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot ao Estado, na qual ele disse que Miller “já não estava mais na equipe quando fez as besteiras que fez” e que avalia que o ex-colega agiu “por uma ganância”. 

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“Nada fiz por ganância: nem ir para a advocacia privada, nem preparar seu exercício em favor da J&F, depois de pedir exoneração do MPF”, rebateu Miller. Para ele, Janot poderia “se lembrar” que ele é um cidadão e que “tem direitos”. “Suposições vazias e adjetivações sem substância não contribuem para uma discussão sóbria”, disse Miller.

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“Trata-se de questões relevantes para a vida de um cidadão que - abstraída sua condição de ex-membro do MPF, muito tendo dado de si à instituição - tem direitos. Quem exerceu por quatro anos o cargo de procurador-geral da República poderia lembrar-se disso”, afirmou. 

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Segundo Miller, é, “no mínimo, escassez de análise” o fato de Janot ter “reduzido à ‘ganância’ o desejo de participar do que seria um dos maiores projetos de remediação de empresas jamais empreendidos”. O Grupo J&F firmou o maior acordo de leniência do mundo, em valores absolutos. Miller disse que o dinheiro que recebeu na advocacia privada foi “estritamente” previsto em contrato, “sem nenhum acréscimo em razão de cliente algum”. 

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O ex-procurador está no centro da crise que atingiu a Procuradoria-Geral da República, suspeito de atuar nos dois lados do balcão e orientar a J&F quando ainda era do MPF. Esta é a primeira resposta direta de Miller a uma menção a seu nome. Desde que o imbróglio envolvendo a delação da J&F veio à tona, ele se manifestou em um artigo e por meio de seus advogados.

Veja a íntegra da manifestação de Miller: 

Com relação às referências de Rodrigo Janot a minha pessoa em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, publicadas em 20/11/2017, esclareço:

1. Não recebi remuneração da J&F por nenhuma atividade a ela relativa.

2. A remuneração que recebi na advocacia privada foi estritamente a prevista em contrato, sem nenhum acréscimo em razão de cliente algum. 

3. Nada fiz por ganância: nem ir para a advocacia privada, nem preparar seu exercício em favor da J&F, depois de pedir exoneração do MPF. Reduzir a “ganância” o desejo de participar do que seria um dos maiores projetos de remediação de empresas jamais empreendidos reflete, no mínimo, escassez de análise. 

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4. Suposições vazias e adjetivações sem substância não contribuem para uma discussão sóbria. Trata-se de questões relevantes para a vida de um cidadão que - abstraída sua condição de ex-membro do MPF, muito tendo dado de si à instituição - tem direitos. Quem exerceu por quatro anos o cargo de Procurador-Geral da República poderia lembrar-se disso.

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